(Ez 28,1-10; Sl Dt 32; Mt 19,23-30)
20ª Semana do Tempo Comum.
“Pedro tomou a
palavra e disse a Jesus: ‘Vê! Nós deixamos tudo e te seguimos. O que havemos de
receber?’”
Mt 19,27.
“Com certeza os olhos
de Jesus marejaram-se de lágrimas ao ver afastar-se aquele jovem a quem tinha
convidado para segui-lo; por isso Jesus, com tristeza, se expressa com um
grafismo oriental hiperbólico: ‘É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma
agulha...’ (v. 24), expressão que não se deve tomar ao pé da letra, como é
obvio, mas era um provérbio ou refrão popular, uma expressão hiperbólica muito
corrente entre os rabinos, para significar a dificuldade de uma coisa; e Jesus
utiliza-se dela, por ser muito conhecida na linguagem popular e para esclarecer
o grave obstáculo que são as riquezas para a salvação. Segundo a crença
popular judaica, a riqueza era um dos prêmios que Deus concedia à justiça; em
contraposição está a expressão claramente paradoxal de Jesus... O significado
dessas palavras não é que os ricos não possam salvar-se, mas que os ricos que
põem a confiança no dinheiro, que tenham atração desordenada pelo dinheiro,
dificilmente se salvarão, uma vez que a atração desordenada os impulsionará a
cometer injustiças e atitudes prováveis em franca oposição com os princípios da
salvação. Ao ouvirem os ensinamentos de Jesus sobre as riquezas, os apóstolos,
que eram pobres, e mesmo o pouco que tinham haviam abandonado para seguir
Jesus, perguntaram-lhe: ‘Eis que deixamos tudo para te seguir. Que haverá então
para nós?’ (v. 27). Jesus respondeu-lhes dizendo qual será a recompensa, mas
alternando a ordem marcada pelos apóstolos; eles expõem que deixaram tudo e por
isso esperam recompensa; Jesus, por sua vez, estabelece que abandonaram tudo
para segui-lo e que por esse seguimento alcançarão o prêmio. Abandonar as
riquezas não é mais que uma condição para seguir o Mestre; a perfeição consiste
em segui-lo” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do
ano – Ave-Maria).
Pe. João Bosco Vieira Leite