Segunda, 08 de agosto de 2022

(Ez 1,2-5.24-28; Sl 148; Mt 17,22-27) 

19ª Semana do Tempo Comum.

“Simão, que te parece: os reis da terra cobram impostos ou taxas de quem, dos filhos ou dos estranhos?

Pedro respondeu: ‘Dos estranhos!’ Então Jesus disse: ‘Logo os filhos são livres’” Mt 17,25b-26.

“No evangelho de Mateus, esse episódio precede imediatamente a descrição da ordem e da vida na comunidade. Temos assim um indício de sua concepção de comunidade cristã e de Igreja. Esta se compõe de filhos e filhas livres. Por isso não pode permitir que seja escravizada novamente por regulamentos e leis mesquinhos. A palavra de Jesus crava-se como um aguilhão no autoconceito da Igreja. Quantas vezes ele teve recaídas na mentalidade antiga que Jesus superou nesse episódio do imposto do templo. Também ela criou um tabu em torno das suas leis, declarando-as manifestações da vontade divina. Ela incutiu nos homens o medo de não chegar a Deus, se não cumprissem as leis da Igreja. Isso mostra nitidamente uma interpretação equivocada da intenção de Jesus. A mensagem de Jesus é esta: ‘Você é livre. Você é filho e filha de Deus. Você não precisa tornar-se filho ou filha de Deus pelo cumprimento de mandamentos. Você já é filho ou filha. Você não precisa conquistar o direito de ser o que você já é’. Mas, se os filhos e filhas de Deus quiserem conviver, precisam de regras que ordenem a convivência. E os ordenamentos não devem transformar-se em leis. Todas as comunidades, não só a Igreja, correm o perigo de se entregar a uma ideóloga; esse risco aplica-se igualmente a empresas, a equipes terapêuticas, a grupos espirituais. Todos se encastelam atrás de ideais elevados, esquecendo-se dos problemas do dia-a-dia, dos conflitos humanos, das emoções que tantas vezes dificultam a convivência. Quem se esconde atrás de uma ideologia torna as pessoas dependentes, fazendo-as escravas de todos tipos de normas e princípios. Jesus quer o homem livre; por isso, todas as regras que visam à convivência devem partir necessariamente da liberdade do ser humano” (Anselm Grün – Jesus, Mestre da Salvação – Loyola).

 Pe. João Bosco Vieira Leite