Quinta, 04 de agosto de 2022

(Jr 31,31-34; Sl 50[51]; Mt 16,13-23) 

18ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus foi à região de Cesareia de Filipe e ali perguntou aos discípulos:

‘Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?’” Mt 16,13.

“Jesus perguntou aos discípulos o que as pessoas diziam a seu respeito. A resposta deles não vale apenas para aquele tempo, pois hoje nós também não vemos sempre em Jesus quem ele é realmente. Em nosso coração, nós também damos, muitas vezes, respostas que ficam muito aquém da verdadeira profissão de fé em Jesus, para a qual Mateus gostaria de estimular-nos. Vemos Jesus como se ele fosse João Batista. João é o grande asceta, e a ascese certamente faz parte da fé cristã, mas quando a ascese fica em primeiro plano, deixamos fora de consideração aspectos importantes de Jesus, que até foi chamado de glutão e beberrão. Quando a renúncia é sempre considerada melhor que o desfrute e quando a ascese se transforma em negação da vida, levando a uma agressividade latente contra outros, ela acaba obscurecendo a nossa visão de Jesus. Elias é o grande profeta que trava, ao mesmo tempo, uma luta rigorosa pela pureza da fé, chegando a matar nessa luta todos os sacerdotes de Baal. Jesus é o maior dos profetas, mas se distingue de Elias pelo fato de não querer aniquilar os adversários, e sim conquista-los. Jesus não prega contra os adversários, ele os convida a ingressar no Reio dos céus. Ele dá a todos a chance de voltar atrás e aceitar o convite do amor de Deus para participar do banquete. Infelizmente, na história da Igreja prevaleceram, muitas vezes, os aspectos agressivos e presumidos de Elias, o que levou os cristãos a lutas nefastas contra os adeptos de outras religiões. Mas Jesus não é Elias. Jeremias é o justo sofredor. Jesus também palmilhará o caminho do sofrimento, mas Jeremias nos lembra o risco que consiste em enaltecer o sofrimento, desenvolvendo uma visão masoquista da vida. Para o masoquista, o sofrimento é sempre melhor do que a felicidade. Mas Jesus não veio ao mundo para que soframos, ele veio para que sejamos felizes, bem-aventurados. No caminho que conduz à paz interior e à alegria encontraremos também o sofrimento. Não devemos fugir dele, antes é preciso aceita-lo e suportá-lo. E dessa maneira podermos continuar sem temor o caminho que leva à vida” (Anselm Grün – Jesus, Mestre da Salvação – Loyola).

Pe. João Bosco Vieira Leite