(Jr 31,31-34; Sl 50[51]; Mt 16,13-23)
18ª Semana do Tempo Comum.
“Jesus foi à região
de Cesareia de Filipe e ali perguntou aos discípulos:
‘Quem dizem os homens
ser o Filho do Homem?’” Mt 16,13.
“Jesus perguntou aos
discípulos o que as pessoas diziam a seu respeito. A resposta deles não vale
apenas para aquele tempo, pois hoje nós também não vemos sempre em Jesus quem
ele é realmente. Em nosso coração, nós também damos, muitas vezes, respostas
que ficam muito aquém da verdadeira profissão de fé em Jesus, para a qual
Mateus gostaria de estimular-nos. Vemos Jesus como se ele fosse João Batista.
João é o grande asceta, e a ascese certamente faz parte da fé cristã, mas
quando a ascese fica em primeiro plano, deixamos fora de consideração aspectos
importantes de Jesus, que até foi chamado de glutão e beberrão. Quando a
renúncia é sempre considerada melhor que o desfrute e quando a ascese se
transforma em negação da vida, levando a uma agressividade latente contra
outros, ela acaba obscurecendo a nossa visão de Jesus. Elias é o grande profeta
que trava, ao mesmo tempo, uma luta rigorosa pela pureza da fé, chegando a
matar nessa luta todos os sacerdotes de Baal. Jesus é o maior dos profetas, mas
se distingue de Elias pelo fato de não querer aniquilar os adversários, e sim
conquista-los. Jesus não prega contra os adversários, ele os convida a
ingressar no Reio dos céus. Ele dá a todos a chance de voltar atrás e aceitar o
convite do amor de Deus para participar do banquete. Infelizmente, na história
da Igreja prevaleceram, muitas vezes, os aspectos agressivos e presumidos de
Elias, o que levou os cristãos a lutas nefastas contra os adeptos de outras
religiões. Mas Jesus não é Elias. Jeremias é o justo sofredor. Jesus também
palmilhará o caminho do sofrimento, mas Jeremias nos lembra o risco que
consiste em enaltecer o sofrimento, desenvolvendo uma visão masoquista da vida.
Para o masoquista, o sofrimento é sempre melhor do que a felicidade. Mas Jesus
não veio ao mundo para que soframos, ele veio para que sejamos felizes,
bem-aventurados. No caminho que conduz à paz interior e à alegria encontraremos
também o sofrimento. Não devemos fugir dele, antes é preciso aceita-lo e
suportá-lo. E dessa maneira podermos continuar sem temor o caminho que leva à
vida” (Anselm Grün – Jesus, Mestre da Salvação –
Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite