Segunda, 29 de agosto de 2022

(Jr 1,17-19; Sl 70[71]; Mc 6,17-29) 

Martírio de São João Batista.

“Com efeito, eu te transformarei hoje numa cidade fortificada, numa coluna de ferro, num muro de bronze,

contra todo o mundo, gente aos reis de Judá e seus príncipes, aos sacerdotes e ao povo da terra” Jr 1,18.

“Nós vemos esta grande figura, esta força na paixão, na resistência contra os poderosos. Interroguemo-nos: de onde nasce esta vida, esta interioridade tão forte, tão reta e tão coerente, empregue totalmente por Deus e para preparar o caminho para Jesus? A resposta é simples: da relação com Deus, da oração, que é o fio condutor de toda a sua existência. João é o dom divino longamente invocado pelos seus pais, Zacarias e Isabel (cf. Lc 1,13|); uma dádiva grande, humanamente inesperada, porque ambos eram de idade avançada e Isabel era estéril (cf. Lc 1,7); mas a Deus nada é impossível (cf. Lc 1,36). O anúncio deste nascimento verifica-se precisamente no contexto da oração, no templo de Jerusalém; aliás, acontece quando Zacarias recebe o grande privilégio de entrar no lugar mais sagrado do templo para fazer a oferta do incenso ao Senhor (cf. Lc 1,8-20). Também o nascimento de João Batista é marcado pela oração: o cântico de alegria, de louvor e de ação de graças que Zacarias eleva ao Senhor e que nós recitamos todas as manhãs nas Laudes, o ‘Benedictus’, exalta a obra de Deus na História e indica profeticamente a missão do filho João: preceder o Filho de Deus que se fez carne, para lhe preparar as estradas (cf. Lc 1,67-79). Toda a existência do precursor de Jesus é alimentada pela relação com Deus, de modo particular o período transcorrido em regiões desertas que são lugares de tentação, mas também lugares onde o homem sente a própria pobreza, porque desprovido de apoio e certezas materiais, e compreende que o único ponto de referência sólido permanece o próprio Deus. Mas João Batista não é apenas um homem de oração, do contato permanente com Deus, mas também um guia para esta relação. Citando a oração que Jesus nos ensina aos discípulos, o ‘Pai-Nosso’, o evangelista Lucas anota que o pedido é formulado pelos discípulos com estas palavras: ‘Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou seus discípulos’ (cf. Lc 11,1)” (Bento XVI – “Um Caminho de Fé Antigo e Sempre Novo” -  Editora Molokai). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite