(Jr 31,1-7; Sl Jr 31; Mt 15,21-28)
18ª Semana do Tempo Comum.
“Eis que uma mulher
cananeia, vindo daquela região, pôs-se a gritar: ‘Senhor, filho de Davi, tem
piedade de mim: minha filha está cruelmente atormentada por um demônio!’” Mt 15,22.
“Na primitiva
comunidade cristã, havia uma classe de cristãos, provenientes do judaísmo, cuja
tendência era não se abrir aos pagãos. Acreditavam ser os destinatários
exclusivos da Boa Nova cristã. Por conseguinte, os pagãos estariam excluídos do
Reino anunciado por Jesus. Foi preciso combater esta rigidez, apelando para a
sensibilidade do Mestre em relação à fé dos pagãos. O episódio da mulher
cananeia prestou-se bem para esta finalidade. A mulher pagã foi persistente no
seu objetivo: a cura da filha atormentada por um demônio. Por isso, não se
intimidou diante dos discípulos, nem de Jesus, até ver realizado o seu desejo.
Nem a má vontade daqueles, nem a dureza das palavras do Mestre foram
suficientemente fortes para fazê-lo esmorecer. Os discípulos queriam ver-se
livres daquela mulher importuna. Sua gritaria deixava-os irritados, a ponto de
pedirem a Jesus que a mandasse embora. Não convinha que o pedido de uma mulher
pagã fosse atendido por ele. Jesus, por sua vez, também deu mostras de relutar
em atende-la, até o ponto de usar o termo – cães –, com que os judeus
costumavam chamar os pagãos. Mas, afinal, dobrou-se diante de uma fé evidente,
tendo realizado o desejo da mulher pagã. Como Jesus, a comunidade cristã
deveria deixar de ser inflexível em relação aos pagãos convertidos à fé,
abrindo para eles as portas da comunidade. – Espírito benevolente,
ajuda-me a superar a rigidez e o fechamento em relação a quem está à margem da
comunidade, reconhecendo que, também neles existe a fé” (Pe. Jaldemir
Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano C] -
Paulinas).
Pe. João Bosco Vieira Leite