Sexta, 5 de abril de 2019


(Sb 2,1.12-22; Sl 33[34]; Jo 7,1-2.10.25-30) 
4ª Semana da Quaresma.

“Em alta voz, Jesus ensinava no templo, dizendo: ‘Vós me conheceis e sabeis de onde sou;
eu não vim por mim mesmo, mas o que me enviou é fidedigno. A esse, não o conheceis’” Jo 7,28.

“Vede, irmãos, de que maneira o Senhor deu razão à gente de Jerusalém que dizia: ‘Sabemos donde é este homem’, e que dizia também: ‘Quando o Cristo vier, ninguém saberá donde é ele’. Com efeito, ‘Jesus que ensinava no templo exclamou: Vós me conheceis e sabeis donde eu sou, e, contudo, não é de mim mesmo que eu vim mas aquele que me enviou é verídico e vós não o conheceis’ (Jo 7,27-28). Que equivale a dizer: Vós me conheceis e não me conheceis; ou melhor: sabeis de onde eu sou e não sabeis; sabeis donde eu sou: Jesus de Nazaré, e conheceis também os meus pais. Só uma coisa, com efeito, lhes escapava nessa matéria: o nascimento virginal do qual somente o esposo virginal era testemunha. Este podia atestá-lo com tanto maior segurança, quanto seu amor por ela era mais forte. Exceto, pois, o parto virginal, Jesus era conhecido em tudo que se referia à sua humanidade. Sua fisionomia era conhecida, assim como sua pátria, sua família e o lugar do seu nascimento. Segundo a carne e a figura humana que ele tinha assumido, o Senhor tinha, pois, razão de lhes dizer: ‘Vós me conheceis e sabeis donde sou’. Ao passo que, segundo a sua divindade ‘não é de mim mesmo que vim, mas aquele que me enviou é verídico e vós não o conheceis’. Pelo contrário, crede naquele que ele enviou, e então conhecereis, porque ‘ninguém jamais viu a Deus, senão o Filho que é do seio do Pai: este o revelou (jo1,18), e ‘ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar’ (Lc 10,22). Depois de ter dito: ‘Mas aquele que me enviou é verídico, vós não o conheceis’, o Senhor acrescentou, para lhes mostrar como eles poderiam conhecer aquele que eles não conheciam: ‘eu o conheço’ (Jo 7,29). Interrogai-me, pois, a fim de o conhecerdes. Donde vem que eu o conheça? Disto: ‘É dele que eu sou, e foi ele que me enviou’. Magnifica afirmação duma dupla verdade: ‘É dele que eu sou’, porque o Filho vem do Pai, e tudo que o Filho é, ele o é daquele de quem ele é filho. Eis porque dizemos que o Senhor Jesus é Deus de Deus, ao passo que chamamos o Pai, não Deus de Deus, mas simplesmente Deus. Dizemos também que o Senhor Jesus é Luz da Luz, enquanto ao Pai não o chamamos de Luz da Luz, mas simplesmente Luz. É isto que o Senhor significa quando diz: ‘É dele que eu sou’; e se agora não me vedes na carne, ‘é que ele me enviou’. E quando escutais que ele me enviou, não deveis concluir por uma diferença de natureza, mas sim, ver nisto a autoridade daquele que me negou” (Santo Agostinho – Tratado 31 sobre João 3,4 – Editora Beneditina Ltda.).

Pe. João Bosco Vieira Leite