Domingo de Ramos – Ano C


(Lc 19,28-40; Is 50,4-7; Sl 21[22]; Fl 2,6-11; Lc 23,1-49)

Para esse Domingo de Ramos, partilho alguns pontos da Homilia de Bento XVI, por ocasião da XXII Jornada Mundial da Juventude.

1. O evangelho que abre a procissão de Ramos é um convite a nos associarmos a essa multidão que segue Jesus. Ainda hoje ele atrai homens e mulheres que renunciam ao conforto da própria vida e colocam-se a serviço dos que sofrem.

2. Sua passagem na vida de alguns dá coragem para se oporem à violência e à mentira, para dar lugar no mundo à verdade, outros, no segredo, inspirados por Ele, buscam fazer bem ao próximo, a suscitar reconciliação onde havia o ódio, a criar a paz onde reinava a inimizade.

3. O cortejo ruma para Jerusalém, a cidade do grande rei, assim, por trás do texto, se professa a realeza de Jesus Cristo, o Filho de Davi, o verdadeiro rei da paz e da justiça. Reconhecê-lo como Rei significa aceita-lo como aquele que nos indica o caminho, nele temos confiança e o seguimos.

4. Significa aceitar dia após dia a sua Palavra como critério válido para a nossa vida. Significa ver n’Ele a autoridade à qual nos submetemos. Submetemo-nos a Ele, porque a sua autoridade é a autoridade da verdade.

5. Assim a nossa semana santa se inicia com uma recordação do significado de ‘seguir a Cristo’. A expressão ‘seguimento de Cristo’ é uma descrição de toda a existência cristã em geral. Em que consiste? O que significa concretamente ‘seguir Cristo?’.

6. Para os primeiros discípulos significou deixar tudo, profissão, negócios, para andar com Jesus, confiar-se totalmente à sua guia. Um seguimento exterior e, ao mesmo tempo, interior. Seguir os passos de Jesus pela Palestina e ao mesmo tempo dar nova orientação à própria existência.

7. Para nós cristãos, discípulos de todos os tempos, trata-se de uma mudança interior da existência. Exige que eu deixe de me fechar no meu eu, considerando a minha auto realização a razão principal da minha vida. Que eu seja capaz de considerar que um Outro, pela verdade e pelo amor, me precede e me indica o caminho.

8. “Verdade e amor não são valores abstratos; em Jesus Cristo eles tornaram-se pessoa. Ao segui-lo entro ao serviço da verdade e do amor. Perdendo-me reencontro-me” (Bento XVI).

9. A semana pode ser uma oportunidade de nos reencontrarmos com o nosso seguimento. Somos praticamente obrigados, com toda a realidade que se cria ao nosso redor, a repensar nossa relação com Deus, a nos perguntarmos sobre esse desejo maior que um dia nos guiou.

10. Contemplamos nesses dias o mistério da Cruz. Diz o papa emérito Bento XVI, em sua homilia: “se as provas que Deus na criação te dá da sua existência não conseguem fazer com que te abras a Ele; se as palavras da Escritura e a mensagem da Igreja te deixam indiferentes estão olha para mim, para o Deus que por ti se fez sofredor, que pessoalmente sofre contigo, vê que eu sofro por amor a ti e abre-te a mim, teu Senhor e teu Deus”.

 Pe. João Bosco Vieira Leite