(At 3,1-10; Sl 104[105]; Lc 24,13-35)
Oitava de Páscoa.
“Então um disse ao
outro: ‘Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e
nos explicava as Escrituras?’” Lc 24,32.
“Quem de nós não
lembra os versos famosos de Camões: ‘Amor é fogo que arde sem ver; é ferida que
dói e não se sente; é um contentamento descontente...’? O desespero da poesia
em querer dizer o que não consegue trazer à fala: o amor! Quem de nós não cantou
pelo cancioneiro popular veros como este: ‘Meu coração, não sei por que, bate
feliz, quando te vê!’ ou ‘enquanto a chama arder, todo dia te ver passar’, ou
ainda versos como estes: ‘Dizem que o amor atrai’; ‘Não dá mais para segurar,
explode coração!’; ‘Lá vem a força, lá vem a magia. Que me incendeia o corpo de
alegria. Lá vem a santa, maldita euforia, que me aquece e me faz carinho... É
minha, é nossa energia, que vem de longe pra me fazer companhia’. Existe uma
verdade nestes versos todos: o amor mexe, sacode, arrepia, posiciona-se, cria
um metabolismo; não dá para ficar indiferente na presença da pessoa amada. Se o
amor entre os humanos cria esta forte experiência de sentir, eletrizar-se e
perceber, quanto mais o amor de Deus caminhando bem ali ao nosso lado! O
apóstolo Paulo dizia que é ter os mesmos sentimentos de Cristo, que já não é
agente que vive, mas Ele que vive em nós. A Bíblia chama isto de terra
prometida. A comunidade cristã viu línguas de fogo na cabeça. E quando as
palavras não conseguem mais dizer chamamos toda essa verdade de graça
santificante. –Senhor, que a tua presença me incendei de Amor. Amém” (Vitório
Mazzuco Filho – Graças a Deus (1995) – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite