Quarta, 24 de abril de 2019


(At 3,1-10; Sl 104[105]; Lc 24,13-35) 
Oitava de Páscoa.

“Então um disse ao outro: ‘Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?’” Lc 24,32.

“Quem de nós não lembra os versos famosos de Camões: ‘Amor é fogo que arde sem ver; é ferida que dói e não se sente; é um contentamento descontente...’? O desespero da poesia em querer dizer o que não consegue trazer à fala: o amor! Quem de nós não cantou pelo cancioneiro popular veros como este: ‘Meu coração, não sei por que, bate feliz, quando te vê!’ ou ‘enquanto a chama arder, todo dia te ver passar’, ou ainda versos como estes: ‘Dizem que o amor atrai’; ‘Não dá mais para segurar, explode coração!’; ‘Lá vem a força, lá vem a magia. Que me incendeia o corpo de alegria. Lá vem a santa, maldita euforia, que me aquece e me faz carinho... É minha, é nossa energia, que vem de longe pra me fazer companhia’. Existe uma verdade nestes versos todos: o amor mexe, sacode, arrepia, posiciona-se, cria um metabolismo; não dá para ficar indiferente na presença da pessoa amada. Se o amor entre os humanos cria esta forte experiência de sentir, eletrizar-se e perceber, quanto mais o amor de Deus caminhando bem ali ao nosso lado! O apóstolo Paulo dizia que é ter os mesmos sentimentos de Cristo, que já não é agente que vive, mas Ele que vive em nós. A Bíblia chama isto de terra prometida. A comunidade cristã viu línguas de fogo na cabeça. E quando as palavras não conseguem mais dizer chamamos toda essa verdade de graça santificante. –Senhor, que a tua presença me incendei de Amor. Amém (Vitório Mazzuco Filho – Graças a Deus (1995) – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite