Segunda, 29 de abril de 2019


(At 4,23-31; Sl 2; Jo 3,1-8) 
2ª Semana da Páscoa.

“Havia um chefe judaico, membro do grupo dos fariseus, chamado Nicodemos” Jo 3,1.

“Nicodemos é um judeu religioso preocupado com a questão da salvação. O que fazer para que a vida humana seja bem sucedida, salva e completa não é apenas uma inquietação tipicamente grega. No fundo trata-se de uma questão que comove todo ser humano em qualquer época. Nicodemos procurou Jesus de noite. Em João, as horas estão sempre cheias de simbolismo. A noite representa a escuridão e as trevas interiores, o obscurecimento da mente. Atormentado pela absurdidade, Nicodemos vai a Jesus para encontrar uma resposta para as suas perguntas existenciais. Mas ele esconde a sua pergunta atrás da constatação de que Jesus certamente vem da parte de Deus. Nicodemos sente que há nesse homem algo que o distingue dos demais mestres que falam de Deus, mas não são de Deus. Jesus percebe o que o autor da pergunta está querendo saber realmente. E antes de Nicodemos formular a sua pergunta, Jesus expressa uma proposição que vai ao âmago do verdadeiro problema do interlocutor: ‘A menos que nasça de novo (ou, do alto= ‘anothen’), ninguém pode ver o Reino de Deus’ (3,3). Certamente, o duplo sentido da expressão foi escolhido de propósito. Só quem nasce do alto, de Deus, pode ver o Reino de Deus e salva sua vida. Ele é arrancado do mundo das aparências. O mundo não tem poder sobre ele com suas demandas e expectativas. Mas não se trata apenas da origem dupla do ser humano, nascimento ao mesmo tempo da terra e de Deus. Aqui está sendo abordado também o tema do nascimento. [...] Hoje em dia, quando houve falar do renascimento, muita gente pensa logo em reencarnação, ou seja, numa nova encarnação depois da morte. Mas não é nisto que se pensa aqui. Para João trata-se da essência do ser humano. E esta é determinada por sua origem. A verdadeira essência do ser humano é ter nascido de Deus. Mas, isso não quer dizer apenas que o homem é criado por Deus. Quem nasceu da carne é alienado segundo a sua verdadeira natureza. Ele não se entende a si próprio. Vive por viver. Bultmann entende o renascimento do espírito como um ‘modo de ser que o homem está dentro da sua própria autenticidade, compreendendo-se, sem sentir-se acuado pela nulidade’ (Bultmann, 1950, p. 100)”. (Anselm Grun – Jesus: porta para a vida – Loyola).

Pe. João Bosco Vieira Leite