Quinta, 4 de março de 2019


(Ex 32,7-14; Sl 105[106]; Jo 5,31-47) 
4ª Semana da Quaresma.

“Mas eu tenho um testemunho maior que o de João: as obras o Pai me concedeu realizar.
As obras que eu faço dão testemunho de mim, mostrando que o Pai me enviou” Jo 5,36.

“O testemunho de João faz parte, no evangelho joanino, de todo um conjunto de testemunhos. Já tem ele uma extraordinária amplitude, dada a autoridade da testemunha. No entanto, dirá Jesus: ‘Vós enviastes a João. Ele deu testemunho da verdade. Quanto a mim, não é de um homem que recebo o testemunho. Ele era a lâmpada que arde e alumia; e vós vos comprazes-te em vos alegrar por um momento à sua luz. Quanto a mim, o testemunho que tenho é maior do que o de João, pois as obras que o Pai me deu a cumprir dão testemunho de mim, que foi o Pai que enviou’ (Jo 5,33-36). Jesus reconhece em João uma testemunha autêntica da verdade. E, no entanto, ele afirma que testemunhos mais autorizados são dados da sua divindade... Ouvimos Jesus dizer: ‘O testemunho que tenho é maior do que o de João’ (5,36). Esse testemunho é, em primeiro lugar, o que o Pai dá ao Filho pelas obras que o Filho realiza. O testemunho da verdade de Jesus é, antes de tudo, o próprio nas obras que realiza, obras de poder e de amor, obras de sabedoria e de santidade que ultrapassam as possibilidades de um homem. Por essas obras, o Pai dá testemunho de Jesus, isto é, designa-o à nossa confiança. Mas, então, vemos o que resulta se nós lhe recusamos essa confiança: pomos em questão o próprio testemunho do Pai, é o próprio Deus que nos engana. S. João não hesitou em ir até o fim dessa consequência: ‘Se nós recebemos o testemunho dos homens, o testemunho de Deus é maior; e foi mesmo o testemunho de Deus que deu testemunho de seu Filho. Aquele que não crê em Deus o faz mentiroso, já que ele deu testemunho de seu Filho’ (1Jo 5,9-10). Esse testemunho é também o que Cristo dá de si mesmo. Testemunha por sua palavra e reivindica por seus comportamentos uma autoridade divina (Jo 8,14). Isso poderia ser a expressão de um orgulho louco, de uma imensa impostura, de uma loucura delirante, - mas todos os homens reconhecem que Jesus é, pelo menos, uma das mais elevadas figuras religiosas da humanidade. Ora, quando um homem cuja grandeza moral é incontestada, compromete a totalidade de sua autoridade num testemunho, esse testemunho deve ser tomado a sério. Mas se Jesus é tomado a sério, deve sê-lo até o fim. Portanto não há alternativa. Ou é ele um impostor, ou devemos crer nele, quando se manifesta como o Filho de Deus. Não há como escapar...” (J. Danielou – João Batista, testemunha do Cordeiro – Vozes).     

Pe. João Bosco Vieira Leite