2º Domingo da Pascoa – Ano C


(At 5,12-16; Sl 117[118]; Ap 1,9-11a.12-13.17-19; Jo 20,19-31)

1. Nesse breve relato que abre a nossa liturgia da Palavra, vemos como a Igreja cresce na sua ação dando continuidade ao projeto de Jesus de cura e libertação, graças à sua Páscoa. Mesmo em nosso tempo, aspectos desse início continuam atuando ainda que não percebamos.

2. Assim tem razão o salmista ao cantar a misericórdia divina que nos alcança pelo mistério pascal. Enquanto isso, João vive outra experiência dentro desse mistério. Mesmo isolado de sua comunidade, experimenta profunda comunhão com Deus, assim temos um breve retrato de aspectos diferentes de um mesmo mistério.

3. Os acontecimentos do dia da ressurreição se encerram com essa aparição de Cristo aos seus discípulos. A presença do Ressuscitado desconhece paredes, para entrar, mas respeita o coração humano, nas suas dificuldades para crer.

4.  A dificuldade de crer de Tomé tem na sua ausência da comunidade um grande peso. Mesmo com toda dificuldade que esse viver comunitário apresenta, ela é um sustento para nossa vida de fé.

5. Esse sentido de pertença e participação, que pode cair numa espécie de formalismo, devem ser marcados não tanto pelo serviço que prestamos na comunidade, mas pela presença do Senhor ressuscitado que buscamos continuamente.

6. “Sim, é o olhar de fé que é preciso purificar, todas as vezes. Melhor, o que já se conhece, o habitual, com o risco de se tornar ultrapassado, pode ser incentivo para ir mais além e procurar o essencial. E inclusive as limitações (qual é a comunidade que não as tem?) tornam-se pretexto que atrai o Senhor para junto dos seus: medos e pecados, hesitações e fechamentos, incredulidades e lentidões... e muito mais ainda. É no Cenáculo da comunhão que Jesus ressuscitado se torna presente, mais forte que qualquer limitação, com a consoladora certeza de que os pecados podem ser perdoados (cf. Jo 20,23)” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Quaresma – Páscoa] – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite