(Is 50,4-9; Sl 68[69]; Mt 26,14-25)
Semana Santa.
“Um dos doze
discípulos, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes e disse:
‘O que me dareis se
vos entregar Jesus?’ Combinaram, então, trinta moedas de prata” Mt 26,14-15.
“Usa-se de tudo para
matar uma consciência, desde a perseguição, o martírio, o exílio, a prisão; mas
vender já é demais! Como se pode vender um Deus? Jesus anda pelos povoados,
está nas ruas de Jerusalém e passa noite no monte das Oliveiras. Difícil é
prender alguém que vive no meio do povo pois não tem paradeiro fixo. Então é
procurado; qualquer informação sobre seu paradeiro é uma ajuda enorme. Judas
Iscariotes faz o preço para dar uma informação: 30 moedas de prata que
equivalem ao preço de um escravo ou trinta diárias de uma jornada de trabalho
braçal. Com dinheiro na mão fica mais fácil, até decretar a condenação de
alguém que só passou fazendo o bem. O que o vendeu pertencia ao seu grupo de
discípulos e foi corrompido pela estrutura opressora, ou por aqueles cinco
minutos de fama que gostaria de ter. Com o dinheiro na mão fica difícil segurar
a nitidez de um projeto de vida; de um modo ou de outro o dinheiro distrai.
Seguir as exigências do Reino com seus valores éticos e religiosos é difícil e
exige muita renúncia; seguir os apelos de trinta moeda de prata é mais
agradável. Só uma coisa o dinheiro não compra: uma consciência tranquila, uma
felicidade límpida, sem competições, sem tensões e subornos. Depois que vendeu
é que o discípulo que caíra num vazio muito grande. Quis agradar os poderosos
de seu tempo mas fez um péssimo negócio. – Senhor, que eu nunca traia o
seu amor que está em mim vendendo-o por valores materiais deste mundo. Que a
verdade que está em mim e que é fruto da sua graça não seja corrompida. Amém” (Vitório Mazzuco
Filho – Graças a Deus (1995) – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite