Quarta, 17 de abril de 2019


(Is 50,4-9; Sl 68[69]; Mt 26,14-25) 
Semana Santa.

“Um dos doze discípulos, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes e disse:
‘O que me dareis se vos entregar Jesus?’ Combinaram, então, trinta moedas de prata” Mt 26,14-15.

“Usa-se de tudo para matar uma consciência, desde a perseguição, o martírio, o exílio, a prisão; mas vender já é demais! Como se pode vender um Deus? Jesus anda pelos povoados, está nas ruas de Jerusalém e passa noite no monte das Oliveiras. Difícil é prender alguém que vive no meio do povo pois não tem paradeiro fixo. Então é procurado; qualquer informação sobre seu paradeiro é uma ajuda enorme. Judas Iscariotes faz o preço para dar uma informação: 30 moedas de prata que equivalem ao preço de um escravo ou trinta diárias de uma jornada de trabalho braçal. Com dinheiro na mão fica mais fácil, até decretar a condenação de alguém que só passou fazendo o bem. O que o vendeu pertencia ao seu grupo de discípulos e foi corrompido pela estrutura opressora, ou por aqueles cinco minutos de fama que gostaria de ter. Com o dinheiro na mão fica difícil segurar a nitidez de um projeto de vida; de um modo ou de outro o dinheiro distrai. Seguir as exigências do Reino com seus valores éticos e religiosos é difícil e exige muita renúncia; seguir os apelos de trinta moeda de prata é mais agradável. Só uma coisa o dinheiro não compra: uma consciência tranquila, uma felicidade límpida, sem competições, sem tensões e subornos. Depois que vendeu é que o discípulo que caíra num vazio muito grande. Quis agradar os poderosos de seu tempo mas fez um péssimo negócio. – Senhor, que eu nunca traia o seu amor que está em mim vendendo-o por valores materiais deste mundo. Que a verdade que está em mim e que é fruto da sua graça não seja corrompida. Amém” (Vitório Mazzuco Filho – Graças a Deus (1995) – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite