(At 3,11-26; Sl 8; Lc 24,35-48)
Oitava de Páscoa.
“Ainda estavam
falando quando o próprio Jesus apareceu no meio deles e disse: ‘A paz esteja
convosco’” Lc 24,36.
“A terceira imagem
que Lucas nos desenha do dia da Ressurreição é a aparição de Jesus diante dos
discípulos reunidos. Os discípulos de Emaús voltam a Jerusalém, cheios de
alegria. Os discípulos e discípulas que tinham ficado contam-lhes que o Senhor
realmente ressuscitou e apareceu a Simão. Enquanto ainda falam sobre isso, o
próprio Jesus entra no meio deles. Assustam-se e sentem medo, pois pensam que
estão vendo um espírito. Jesus mostra-lhes as mãos e os pés: ‘Olhai as minhas
mãos e o meus pés: sou eu mesmo. Tocai-me, olhai: um espírito não tem carne e
ossos como vós vedes que eu tenho’ (Lc 24,39). Aqui Lucas quer mostrar aos
gregos o que significa a ressurreição. Os gregos conseguiram muito bem imaginar
que o ressuscitado fosse um espírito, que a alma se tivesse separado do corpo e
agora subsistisse em si mesma. Ressurreição, porém, é mais do que isso.
Levantou-se a pessoa de Jesus, de corpo e alma. Com referência a mãos e pés,
Lucas responde à filosofia platônica, que só conseguia imaginar uma libertação
da lama de dentro da prisão do corpo. Ressurreição, porém, é ressurreição do
corpo. Ela nos dá mãos que assumem a vida, que tocam nos outros com ternura,
que acariciam, fazendo sentir o amor. E a ressurreição nos põe em pé, para que
tenhamos firmeza e sigamos o nosso caminho, cada um o seu próprio caminho, que
nos leva à vida” (Anselm Grun – Jesus: modelo de ser humano –
Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite