Terça, 17 de maio de 2016

(Tg 4,1-10; Sl 54[55]; Mc 9,30-37) 
7ª Semana do Tempo Comum.

O trecho que hoje nos é oferecido é o mais difícil da carta por sua construção e citações enigmáticas dos vv. 5-6. “A análise psicológica das causas é a contribuição do autor, talvez influenciado pela filosofia estoica popularizada. O esquema é o seguinte: denúncia do pecado e análise das causas – ameaça – exortação a converter-se – promessa. No começa está a cobiça, como em 1,4, seu objetivo imediato são os prazeres; espécie de força militar, cujo campo de batalha é o homem. Do interior brota ao exterior social com efeitos desastrosos: a cobiça pode levar até ao homicídio. Dirige semelhante acusação aos cristãos?” (Bíblia do Peregrino – Paulus).

Em seu evangelho, Marcos por três vezes traz o anúncio da paixão (8,31-33; 9,30-32; 10,32-34). Acompanhamos o segundo anúncio; não muita diferença entre eles, mas a cada anúncio dá-se um novo enfoque. “Em 9,31 Jesus diz que o Filho do Homem será entregue às mãos dos homens. É um enigma que joga com as expressões: Filho do homem- mãos dos homens. O enigma consiste no fato de Deus mesmo entregar e abandonar o Filho do Homem. Jesus é exposto ao enigma de Deus, pois, mesmo defendendo os homens em nome da plenipotência de Deus, cai nas mãos dos homens. Aparece aí o mistério de Deus que, num primeiro momento, permanece incompreensível, destruindo totalmente as imagens que fazemos de Deus. Só depois o Evangelho mostrará que Ele é o Deus que quer a salvação dos homens e erguerá na cruz seu Filho e o abandonará, para finalmente fazê-lo sentar-se à sua direita” (Anselm Grun, “Jesus, caminho para a liberdade”). Acrescenta-se ao texto a incompreensão dos discípulos gerada pela preocupação entre eles de quem seria o maior. Jesus usa uma criança, símbolo do desamparo, do último, a quem Jesus dedica a sua preferência. Essa deveria ser a preocupação de quem quer ser o maior: o serviço, como o de Jesus, tem a última palavra. Ele dá a sua vida, nós damos o melhor de nós mesmos por aqueles que nos foram confiados ou que necessitam de nossa ajuda.

Pe. João Bosco Vieira Leite