(Tg 4,1-10; Sl 54[55]; Mc 9,30-37)
7ª Semana do Tempo Comum.
O trecho que hoje nos é oferecido é o
mais difícil da carta por sua construção e citações enigmáticas dos vv. 5-6. “A
análise psicológica das causas é a contribuição do autor, talvez influenciado
pela filosofia estoica popularizada. O esquema é o seguinte: denúncia do pecado
e análise das causas – ameaça – exortação a converter-se – promessa. No começa
está a cobiça, como em 1,4, seu objetivo imediato são os prazeres; espécie de
força militar, cujo campo de batalha é o homem. Do interior brota ao exterior social
com efeitos desastrosos: a cobiça pode levar até ao homicídio. Dirige
semelhante acusação aos cristãos?” (Bíblia do Peregrino – Paulus).
Em seu evangelho, Marcos por três vezes
traz o anúncio da paixão (8,31-33; 9,30-32; 10,32-34). Acompanhamos o segundo
anúncio; não muita diferença entre eles, mas a cada anúncio dá-se um novo
enfoque. “Em 9,31 Jesus diz que o Filho do Homem será entregue às mãos dos
homens. É um enigma que joga com as expressões: Filho do homem- mãos dos
homens. O enigma consiste no fato de Deus mesmo entregar e abandonar o Filho do
Homem. Jesus é exposto ao enigma de Deus, pois, mesmo defendendo os homens em
nome da plenipotência de Deus, cai nas mãos dos homens. Aparece aí o mistério
de Deus que, num primeiro momento, permanece incompreensível, destruindo
totalmente as imagens que fazemos de Deus. Só depois o Evangelho mostrará que
Ele é o Deus que quer a salvação dos homens e erguerá na cruz seu Filho e o
abandonará, para finalmente fazê-lo sentar-se à sua direita” (Anselm Grun, “Jesus,
caminho para a liberdade”). Acrescenta-se ao texto a incompreensão dos
discípulos gerada pela preocupação entre eles de quem seria o maior. Jesus usa
uma criança, símbolo do desamparo, do último, a quem Jesus dedica a sua
preferência. Essa deveria ser a preocupação de quem quer ser o maior: o
serviço, como o de Jesus, tem a última palavra. Ele dá a sua vida, nós damos o
melhor de nós mesmos por aqueles que nos foram confiados ou que necessitam de
nossa ajuda.
Pe. João Bosco Vieira Leite