(Pr 8,22-31; Sl 08; Rm 5,1-5; Jo 16,12-15).
1. Retomamos o tempo comum meditando
sobre um dos mistérios de Deus que, se por um lado tenta compreendê-lo, por
outro nos fala de identificação enquanto cristãos. Falar sobre o mistério
trinitário requer bastante cuidado com as palavras, pois elas tanto ajudam como
podem dificultar a compreensão.
2. Acreditamos que Deus é um só, mas
que Ele se revelou como Deus Pai que criou o universo e que o governa com
sabedoria e amor. Cremos que ele veio a nós na imagem do Filho, se fez um de
nós para melhor comunicar o seu amor por nós.
3. Acreditamos também que ele permanece
entre nós com a sua força, o Espírito Santo, para dar continuidade ao seu
projeto de amor. Em linhas gerais é isso um pouco do que podemos falar.
Mas o que nos dizem ou revelam os textos escolhidos para esse fim de semana?
4. A primeira leitura destaca o Deus
criador, mas tal revelação vem dos lábios da sabedoria, uma sublime criatura
que Deus colocou ao seu lado. O texto finaliza de forma poética, mas tem por
objetivo chamar a nossa atenção e reforçar a certeza que mesmo em meio ao caos
que por vezes contemplamos, existe uma sabedoria que rege e conduz a nossa
história.
5. Há quem se pergunte se a sabedoria
seria personalização de uma das pessoas da Santíssima Trindade; o Filho,
talvez. O Espírito Santo? Não sabemos de certeza. Talvez seja apenas a intuição
de um autor do gesto amoroso e criativo de Deus que ele contempla na natureza,
no mundo de uma forma geral.
6. Esse Deus que habita desde sempre lá
no infinito um dia veio a nós em seu Filho Jesus, lembra Paulo. Ele nunca
cessou de criar e salvar, Jesus é o grande revelador dessa obra do Pai. Se há
algo de que podemos nos orgulhar, pobres seres humanos, é que nunca deixou de
nos amar, é essa a esperança que não decepciona e nos faz avançar mesmo em meio
aos nossos fracassos pessoais.
7. Tanto esse texto da 2ª leitura
quanto o evangelho, estão colocados aqui também por mencionarem as três pessoas
em seu agir, sempre em favor do homem. Assim, no evangelho, Jesus promete o
Espírito Santo como Aquele que não só consolará na Sua ausência, mas permitirá
uma melhor compressão de tudo que lhes foi falado.
8. Os discípulos ainda têm pela frente
o processo da Paixão que os deixará atordoados, perdidos. O Espírito Santo como
unificador os trará ao centro da mensagem de Jesus e da própria missão
evangelizadora. Em tudo isso o Pai é glorificado, diz Jesus, pois o Seu projeto
de salvação está acontecendo, também com a colaboração humana.
9. Longe de enveredarmos por caminhos
de raciocínios complexos para entender Deus, é suficiente que contemplemos esse
mistério como um desejo amoroso de salvação. O fiel, a comunidade que vive a
partir desse mistério, sabe-se envolvido nessa ciranda de amor e fará o seu
melhor para colaborar com esse projeto maior cujo início e o fim desconhecemos,
mas se concretiza nas ações solidárias que efetivam o amor de Deus que nunca é
algo abstrato.
Pe. João Bosco Vieira Leite