(Tg 5,9-12; Sl 102[103]; Mc 10,1-12)
7ª Semana do Tempo Comum.
Quase ao apagar das luzes de seu texto,
Tiago exorta à paciência e à perseverança, há quem creia que tal convite esteja
vinculado a espera eminente do retorno de Jesus. Jó é oferecido como modelo,
mas certamente só contempla os primeiros capítulos e o último do citado livro.
Por fim ele cita o texto de Mateus sobre o julgamento. Indicações práticas para
todos os tempos.
No evangelho temos o texto mais antigo
sobre a discussão dos fariseus com Jesus sobre a lei do divórcio. Na sua origem
a lei de Moisés tentava proteger a mulher, ainda que desse mais vantagens ao
homem. Mesmo em voga, ela soava como uma vergonha. Jesus retoma o projeto
original divino que busca a igualdade dos cônjuges, a entrega total e duradora
que unifica. “Mas Jesus não está interessado numa discussão jurídica. Ele
constata apenas que tanto o repúdio vindo do homem quanto o repúdio vindo da
mulher desrespeitam o sentido do casamento. Suas palavras não se referem a
categorias como pecado e culpa, proibição e permissão. Por isso sua palavra continua
válida até hoje. Quem já viu fracassar seu casamento, seja por qual motivo
tenha sido, sabe que não se pode trocar de casamento como se troca de
profissão. É um rompimento. A intenção original não se realizou. De alguma
maneira tal fracasso está ligado também a alguma culpa. Mas isso não significa
de modo algum que por isso os divorciados não podem casar de novo, ou que
estejam vivendo sem o beneplácito de Deus. Eles precisam, isto sim, admitir que
para eles esse sentido do casamento não se realizou. Não alcançaram seu
objetivo. Mas a culpa pode ser perdoada. As palavras de Jesus não têm nada a
ver com a prática da Igreja de não permitir que os divorciados se casem
novamente. Essa é uma questão ligada ao direito canônico. E não é a esse nível
que Jesus está se referindo” (Anselm Grun, “Jesus, caminho para a
liberdade”).Penso que esta reflexão do autor está muito próxima do
pensamento do Papa Francisco.
Pe. João Bosco Vieira Leite