Sexta, 27 de maio de 2016

(1Pd 4,7-13; Sl 95[96]; Mc 11,11-26) 
8ª Semana do Tempo Comum.

O autor da carta parece ter o mesmo pensamento de Tiago que acompanhávamos na semana anterior quanto a vinda imediata de Cristo, mas ele demonstra muita serenidade ao exortar uma contínua ação em meio a espera e não se assustar com as situações de perseguição aos cristãos que eles assistem e sofrem e que leva a uma participação nos sofrimentos de Cristo. Em todo o texto é a dinâmica do amor que os leva a servir ao outro e a Deus com o dom de cada um.

Ao recordar a expulsão dos vendilhões do Templo, Marcos narra o estranho fato da figueira que não tinha frutos, como se Jesus tivesse se aborrecido pelo fato de nada encontrar e simplesmente amaldiçoasse a pobre árvore. A resposta que se segue também não casa com a observação de Pedro sobre a figueira. “Jesus certamente não amaldiçoa a figueira porque esteja aborrecido pelo fato de não poder saciar sua fome com seus frutos. Seria um abuse de poder e expressão de uma mentalidade mesquinha. A figueira – com sua copa frondosa, mas sem frutos – é símbolo de Israel. [...] Assim como a figueira não carrega de frutos, o Templo também está ressequido com toda a ordem religiosa que ele representa. Transformando-se num espaço em que vendedores e cambistas obtêm seus lucros, deixou de ser um lugar de oração e do encontro sincero com Deus. Essa atitude crítica de Jesus em relação ao Templo questiona também nossa própria religiosidade: toda a agitação que se verifica às vezes em torno das coisas sagradas. Quando rezo, estou realmente interessado em falar com Deus, ou faço uso de Deus para o meu próprio bem? Esse é um perigo que ronda toda religiosidade: servir-se de Deus. Para Jesus, a única espiritualidade que condiz com Deus é aquela que dá frutos que servem de alimento aos seres humanos” (Anselm Grun, “Jesus, caminho para a liberdade”). Talvez nessa relação entre a figueira e o Templo possamos compreender os três ensinamentos que se seguem no texto sobre a fé, a confiança e a oração. 

Pe. João Bosco Vieira Leite