(1Pd 4,7-13; Sl 95[96]; Mc 11,11-26)
8ª Semana do Tempo Comum.
O autor da carta parece ter o mesmo
pensamento de Tiago que acompanhávamos na semana anterior quanto a vinda
imediata de Cristo, mas ele demonstra muita serenidade ao exortar uma contínua
ação em meio a espera e não se assustar com as situações de perseguição aos
cristãos que eles assistem e sofrem e que leva a uma participação nos
sofrimentos de Cristo. Em todo o texto é a dinâmica do amor que os leva a
servir ao outro e a Deus com o dom de cada um.
Ao recordar a expulsão dos vendilhões
do Templo, Marcos narra o estranho fato da figueira que não tinha frutos, como
se Jesus tivesse se aborrecido pelo fato de nada encontrar e simplesmente
amaldiçoasse a pobre árvore. A resposta que se segue também não casa com a
observação de Pedro sobre a figueira. “Jesus certamente não amaldiçoa a
figueira porque esteja aborrecido pelo fato de não poder saciar sua fome com
seus frutos. Seria um abuse de poder e expressão de uma mentalidade mesquinha.
A figueira – com sua copa frondosa, mas sem frutos – é símbolo de Israel. [...]
Assim como a figueira não carrega de frutos, o Templo também está ressequido
com toda a ordem religiosa que ele representa. Transformando-se num espaço em
que vendedores e cambistas obtêm seus lucros, deixou de ser um lugar de oração
e do encontro sincero com Deus. Essa atitude crítica de Jesus em relação ao
Templo questiona também nossa própria religiosidade: toda a agitação que se
verifica às vezes em torno das coisas sagradas. Quando rezo, estou realmente
interessado em falar com Deus, ou faço uso de Deus para o meu próprio bem? Esse
é um perigo que ronda toda religiosidade: servir-se de Deus. Para Jesus, a
única espiritualidade que condiz com Deus é aquela que dá frutos que servem de
alimento aos seres humanos” (Anselm Grun, “Jesus, caminho para a
liberdade”). Talvez nessa relação entre a figueira e o Templo possamos
compreender os três ensinamentos que se seguem no texto sobre a fé, a confiança
e a oração.
Pe. João Bosco Vieira Leite