(Jn 1,1—2,1.11; Sl Jn 2; Lc 10,25-37) 27ª Semana do Tempo Comum.
“Ele respondeu: ‘Aquele que usou de misericórdia para com ele’. Então Jesus lhe disse:
’Vai e faze a mesma coisa’” Lc 10,37.
“Lucas não quer somente entusiasmar o leitor por Jesus. Quem compreende Jesus com certeza mudará também de vida. A história de Jesus nos discípulos, e eles mudarão o mundo, ensinando um novo procedimento. Não apenas por palavras, mas por um novo agir, que o Espírito vai se realizar historicamente. Temos hoje certa aversão a uma espiritualidade moralizante. Lucas, porém, não é um moralista ameaçador. Ele não prega a moral, mas conta histórias ‘que nos atingem no coração e despertam a pergunta: o que devemos fazer?’ (Heininger, p. 227). Lucas não teoriza sobre a relação entre o amor a Deus e o amor ao próximo, mas dá dois exemplos para ilustrar como podemos hoje, concretamente, amar o próximo sem nos desgastar: o exemplo do bom samaritano (Lc 10,30-38) e o de Maria e Marta (Lc 10,38-42). O sacerdote e o levita, que se dedicam à veneração de Deus no culto, veem um homem que caiu nas mãos dos ladrões, e passam adiante. O samaritano tem compaixão. ‘Aproximou-se, atou-lhe as feridas, derramando nelas azeite e vinho, montou-o sobre a sua própria montaria, conduziu-o a uma hospedaria e cuidou dele’ (Lc 10,34). Aí Lucas desenha um verdadeiro modelo de humanidade. A parábola descreve o próprio Jesus na figura do bom samaritano. É o autorretrato mais autêntico que Jesus desenhou de si mesmo (Huizing, pp. 20ss). Mas, ao mesmo tempo, a parábola desafia o leitor a agir da mesma maneira de Jesus. Lucas é o um teólogo prático. Não se preocupa com elucidações teóricas. No agir concreto fica evidente se alguém entendeu a mensagem de Jesus e a pratica. Cumpriremos as palavras de Jesus se fizermos o que cada situação exigir, se não fecharmos os olhos diante dos que caíram nas mãos de ladrões e, feridos, estão deitados na beira de uma estrada” (Anselm Grüm – Jesus, modelo do ser humano – Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite
