Sábado, 18 de outubro de 2025

(2Tm 4,10-17; Sl 144[145]; Lc 10,1-9) São Lucas, evangelista e missionário.

“Só Lucas está comigo. Toma contigo Marcos e traze-o, porque me é útil para o ministério” 2Tm 4,11

“A outra imagem de Jesus que a Tradição nos transmite remonta a Lucas como pintor. Também isso é historicamente incerto, mas há algo de verdadeiro nessa imagem. Lucas é um escritor talentoso, que domina a arte de apresentar os acontecimentos de tal maneira que nos parecem um quadro pintado.  Não é sem motivo que Klaas Huizing escreveu seu ‘Lucas pinta o Cristo’. Lucas desenha para nós um retrato literário de Jesus. Muitos acham que Lucas foi um bom narrador, mas não um bom teólogo. Não posso partilhar tal opinião. Lucas domina a arte de narrar a história de Jesus de uma maneira que clareia toda a teologia da Encarnação. Lucas não precisa formular nem fundamentar que Jesus é o Filho de Deus. Ele narra a história de Jesus de tal maneira que vemos em Jesus o brilho divino. Quando o leitor é comovido por Jesus, Deus lhe é revelado. Assim ele é puxado para dentro do acontecimento da Encarnação. Para mim, isso é elevada teologia. Nas narrativas de Lucas aparece-nos o esplendor do rosto de Deus através do homem Jesus. Ao contemplar essa imagem, somos por ela transformados. Na leitura da história é que acontece a redenção. Quando leio com todos os meus sentidos, quando acho para mim um lugarzinho dentro do texto – como dizia Martinho Lutero –, então, ao sair do texto, estarei transformado. Pois então encontrei-me com a figura de Jesus, que agora modela a minha figura. O texto cria uma nova realidade. O leitor não continua o mesmo. Ele é criado de novo, pelo texto. Ele entra em contato com a imagem de Jesus Cristo, que nele se imprime durante a leitura (cf. Huizing, pp. 140s)” (Anselm Grüm – Jesus, modelo do ser humano – Loyola).      

 Pe. João Bosco Vieira Leite