(Rm 3,21-30; Sl 129[130]; Lc 11,47-54) 28ª Semana do Tempo Comum.
“... e a justificação se dá gratuitamente, por sua graça, realizada em Jesus Cristo” Rm 3,24.
“Paulo retoma os temas introduzidos no anúncio programático da Carta (cf. Rm 1,16-17), como os da ‘justiça de Deus’, ‘manifestação/revelação’, ‘fé/crer’. Depois de ter chegado a afirmar que toda a Humanidade precisa indistintamente da salvação de Deus (1,18—3,20), expõe agora a Boa Notícia decisiva, ou seja, que a salvação é oferecida a todos em Cristo. [Compreender a Palavra:] A atuação salvífica divina é definida por Paulo, com uma linguagem bíblica, ‘justiça de Deus’ (v. 21), enquanto no Antigo Testamento a justiça significa a fidelidade do Senhor às Suas promessas de Aliança. Ela manifestou-se definitivamente em Cristo, por meio do qual Deus instaurou uma possibilidade de relação Consigo (‘justificação’), baseada exclusivamente na sua gratuidade: ‘Todos... são justificados de maneira gratuita pela sua graça’ (v. 24). A possibilidade desta relação depende do fato de que Deus veio ao nosso encontro, não do fato de que ‘conquistamos’ a Deus. Por isso mesmo, todo tipo de prestação humana está excluída do momento causador da nossa relação com Deus. De fato, ‘o homem é justificado pela fé [isto é, pelo acolhimento confiante dessa possibilidade] sem as obras que a Lei de Moisés determina’ (v. 28): é um motivo central do evangelho paulino. É preciso esclarecer que, nisto, Cristo não é ‘instrumento de expiação’, mas sim, com uma metáfora, ‘propiciatório’, ou seja, assume as vezes da cobertura da Arca, aspergida com sangue dos animais sacrificados no rito do ‘yom Kippur’, ou dia da expiação (cf. Lv 16,19). Fora da metáfora, Cristo torna possível a uma Humanidade pecadora, aquela relação com Deus a que o ritual do Antigo Testamento tanto aspirava” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 2] – Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite