(Rm 8,12-17; Sl 67[68]; Lc 13,10-17) 30ª Semana do Tempo Comum.
“Havia aí uma mulher que, fazia dezoito anos, estava com um espírito que a tornava doente. Era encurvada e incapaz de se endireitar” Lc 13,11.
“... E a mulher talvez tenha sido oprimida. Quem sabe alguém lhe quebrou a espinha dorsal. Ela não tem condições para se erguer por sua própria força. Não pode andar reta. Não se sente capaz. A palavra grega ‘panteles’, ‘totalmente’, ‘absolutamente’, ‘para sempre’, expressa que a doença é incurável, que a mulher nunca mais poderá se erguer. Não pode mais olhar para cima. Está cortado o seu contato com Deus. Ela dirige o seu olhar somente para o chão, para o que está lá embaixo. Seu horizonte é estreito, e ela perdeu sua dignidade humana, seu espaço e sua liberdade. E isso já há dezoito anos. Entendendo ‘dezoito’ como número simbólico, poderíamos dizer: dez é o número da totalidade, da integridade do ser humano. Essa mulher perdeu sua integridade, sua beleza e sua bondade originais. Oito é o número da eternidade, da infinitude. As pias batismais da Igreja primitiva eram octogonais. Mostram que pelo batismo o cristão participa da vida eterna de Deus. A mulher está doente há dezoito anos, sem contato com Deus. Não pode mais levantar os olhos para o céu, sua vista está escurecida” (Anselm Grüm – Jesus, modelo do ser humano – Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite