(Is 55,10-11; Sl 33[34]; Mt 6,7-15) 1ª Semana da Quaresma.
“Vós deveis rezar assim: Pai
nosso que estás nos céus, santifica seja o teu nome...” Mt 6,9
“A determinação de Jesus chegou
a deixar-nos o modelo de nossa oração, de sorte que, para dirigir-nos ao Deus,
não é mais preciso procurar inventar termos, nem frases, imagens ou ideias. Ele
próprio ensina-nos a dizer: ‘Pai nosso’: não exatamente meu ou seu, mas de
todos. De Cristo em primeiro lugar e de todos os homens, pois todos somos
filhos de Deus por Cristo e em Cristo. Chamar a Deus de Pai já não é para nós
uma ousadia, um atrevimento; é sim a expressão dos sentimentos filiais que
nutrimos para com ele, e esta atitude filial nos foi ensinada pelo próprio
Jesus. O Pai nosso é a oração cristã por excelência, é a mais íntima ressonância
da paternidade de Deus no fundo de nossa alma. ‘Que estais no céu’: o nosso Pai
comum está nos céus, isto é, em todos os lugares, pois onde Deus está, aí está
o céu; está em nossa vida com todas as alternativas, de maneira que nada nos
pode suceder sem que estejamos protegidos pelo Pai, sustentados pelo Pai,
amados pelo Pai. ‘Santificado seja o vosso nome’: é a revelação definitiva de
Deus aos homens, mas essa revelação fará com que todos nós humanos reconheçamos
a Deus e lhe ofereçamos o amor de nosso coração. ‘Venha a nós o vosso reino’: o
Reino de Deus que pedimos é o Reino que Jesus veio instaurar e que é Reino de
justiça, de verdade, de amor e de paz, e isto é o que pedimos no Pai nosso, ao
pedirmos que venha a nós o seu Reino. ‘Seja feita a vossa vontade’: a vontade
de Deus é a que justifica, a que ordena as coisas, a que santifica os homens;
porque o homem será tanto mais santo, quanto mais fiel se mostre à vontade do
Pai celestial. ‘O pão nosso de cada ia nos dai hoje’: sob o nome de pão entende-se
tudo o que é necessário para a subsistência; com isto, pedimos a Deus o
sustento indispensável e tudo aquilo que necessitamos para poder levar uma vida
honrada e humana. E não será demasiado recordar que os Santos Padres da Igreja
aplicaram esse pedido ao alimento da fé. Ao pão da Palavra de Deus e ao pão
eucarístico. ‘Perdoai-nos a nossas ofensas’: nossas ofensas, nossos pecados,
tudo com que possamos ofender a ele diretamente, ou a ele em nossos irmãos. E
para inclinar mais a vontade de Deus para nosso perdão, acrescentamos: ‘Assim
como nós perdoamos aos que nos têm ofendido’: é a cláusula ou condição que nós
mesmos colocamos, para conseguir nosso perdão. ‘E não nos deixeis cair em
tentação’: não pedimos para livrar-nos das tentações, que às vezes poderão ser
até convenientes ou mesmo necessárias, e sim que não caiamos nelas. ‘Mas
livra-nos do mal’: afastai de nós quanto nos possa induzir ao mal, não
permitais que nos atinjam as sugestões do mal” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do
ano – Ave-Maria).
Pe. João Bosco Vieira Leite