Sexta, 16 de fevereiro de 2024

(Is 58,1-9; Sl 50[51]; Mt 9,14-15) depois das Cinzas.

“Acaso o jejum que prefiro não é outro: quebrar as cadeias injustas, desligar as amarras do jugo,

tornar livres os que estão detidos, enfim, romper todo tipo de sujeição?” Is 58,6.

“Numa época histórica que segue de perto o regresso de Israel do Exílio, o profeta (um discípulo do Segundo Isaías) deve falar ao povo, mostrar-lhe as suas culpas e sobretudo a duplicidade dos seus corações no cumprimento das suas práticas religiosas. O profeta condena o jejum formalista, o que não tem em nenhum conta a vida do próximo e ostenta uma atitude que não corresponde a uma verdadeira disposição penitencial. A isso contrapõe o verdadeiro jejum exigido pelo Senhor. [Compreender a Palavra:] De entre as práticas penitenciais hebraicas, com o passar do tempo o jejum assumiu um papel cada vez mais importante. Prescrito no início só na Festa da Expiação, tornou-se depois um modo para comemorar aniversários de luto e para implorar a misericórdia divina em momentos de particular dificuldade. Como qualquer outra prática religiosa, também esta esteve exposta ao risco constante de transforma-se em algo puramente exterior que não afetava de verdade o coração do homem. O fato de culto e vida poderem avançar em caminhos paralelos que nunca se encontram foi um dos temas mais caros aos profetas, e este texto de Isaías é um dos exemplos mais evidentes. O profeta descreve o verdadeiro jejum segundo Deus e denuncia o que é praticado pelo povo. JHWH não quer um jejum formalista que não tem em conta a vida do outro – e muito menos a justiça – (vv. 1-3a). Nada valem as ações que excluem o amor do próximo (vv. 3b-5). O jejum verdadeiro consiste em quebrar todas as cadeias injustas, em repartir o pão com o faminto (vv. 6-7). Só a rejeição da hipocrisia e o apego ao bem abrem caminho a uma verdadeira relação com o Senhor, capaz de prestar ouvidos a quantos O procuram e até de sarar todas as feridas (vv. 8-9a). Não é possível procurarmos de verdade o Senhor se desviamos o olhar dos irmãos ou, pior ainda, se os exploramos” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Quaresma - Páscoa] – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite