(Dt 26,16-19; Sl 118[119]; Mt 5,43-48) 1ª Semana da Quaresma.
“E o Senhor te escolheu, hoje,
para que sejas para ele um povo particular, como te prometeu,
a fim de observares à sua voz” Dt 26,18.
“O final do capítulo 26 do
Deuteronômio constitui a conclusão do segundo discurso de Moisés, que tinha
começado em Dt 5,1, depois de nos últimos versículos do capítulo 4 ter sido
traçado o contexto histórico-geográfico em que ia ser colocado. Neste longo
discurso são lembrados muitos dos prodígios que JHWH realizou em favor do seu
Povo e proclamadas as numerosíssimas normas que determinam o caráter especial
de Israel, enquanto povo pertencente ao Senhor. [Compreender a Palavra:] Para
compreender a leitura de hoje é necessário coloca-la no seu contexto. De fato,
estes versículos seguem-se a um pequeno texto de enormíssima importância: os
versículos 5 a 9 do capítulo 26 do Livro do Deuteronômio. São poucas linhas que
contêm a profissão de fé pronunciada pelo israelita piedoso na altura que
oferecia as primícias das colheitas ao Senhor. A importância deste ‘credo’ é de
tal ordem que muitos estudiosos veem precisamente nessas palavras o núcleo
original e fundamental do inteiro Livro do Deuteronômio. Aquilo que preceda a
leitura de hoje é por conseguinte uma proclamação e uma contemplação de tudo
que JHWH fez em favor do seu Povo. Ele fez de um homem, velho e sem filhos, o
fundador de uma grande nação e interveio depois com poder para libertar essa
multidão de hebreus da opressão dos egípcios e dar-lhes uma terra maravilhosa.
Este é o ponto de partida. Todas as leis e normas que depois JHWH dá ao seu
Povo marcam a linha principal para que os israelitas possam continuar a viver
nessa liberdade que o Senhor lhes ofereceu. Não se trata de um código
opressivo, mas da indicação de um caminho a seguir. Se Israel for fiel,
continuará a fazer experiência da grandeza e da força do seu Deus, compreenderá
cada vez mais o que significa ser Sua propriedade, ser um povo eleito, escolhido
para uma relação absolutamente particular com Deus. Isto dar-lhe-á glória,
renome e esplendor diante de todos os povos (cf. v. 19). É importante sublinhar
a pedagogia de Deus: não pede nada ao seu Povo antes de ter feito maravilhas em
favor dele, antes de lhe ter feito experimentar a Sua bondade” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Quaresma
- Páscoa] – Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite