(Jn 3,1-10; Sl 50[51]; Lc 11,29-32) 1ª Semana da Quaresma.
“Tende piedade, ó meu Deus,
misericórdia! Na imensidão do vosso amor, purificai-me!
Lavai-me todo inteiro do pecado
e apagai completamente a minha culpa!” Sl 50
“A Quaresma é um tempo oportuno
para nos esmerarmos no modo de receber o sacramento da Penitência, esse
encontro com Cristo presente no sacerdote, encontro sempre único e diferente.
Cristo acolhe-nos como Bom Pastor, cura-nos, limpa-nos, fortalece-nos. Cumpre-se
neste sacramento o que o Senhor prometera pela voz do profeta: ‘Eu mesmo
apascentarei as minhas ovelhas, eu mesmo as farei repousar. Procurarei a ovelha
perdida; reconduzirei a desgarrada; tratarei da que estiver ferida; curarei a
que estiver doente e guardarei a que estiver gorda e robusta’ (Ez 34,15-16).
Quando nos aproximamos deste sacramento, devemos pensar sobretudo em Cristo.
Ele deve ser o centro do ato sacramental. E a glória e o amor de Deus devem
contar mais do que os pecados que tenhamos cometido. Trata-se de olhar muito
mais para Jesus do que para nós mesmos; para a sua bondade mais do que para
nossa miséria, pois a vida interior é um diálogo de amor em que Deus é sempre o
ponto de referência. O filho pródigo – que é o que nós somos quando resolvemos
confessar-nos – empreende o caminho de volta abalado pela triste situação de
pecado em que se encontra: ‘Não sou digno de ser chamado teu filho’; mas, à
medida que se aproxima da casa paterna, vai reconhecendo comovidamente todas as
coisas do seu lar, do lar de sempre, e, por último, vê ao longe a figura
inconfundível de seu pai, que se dirige ao seu encontro. Isso é o importante: o
encontro. Cada confissão contrita é ‘um aproximar-se da santidade de Deus, um
reencontro coma verdade interior, obscurecida e transtornada pelo pecado, um
libertar-se no mais profundo de si próprio e, por isso, um reconquistar a
alegria perdida, a alegria de ser salvo, que a maioria dos homens do nosso
tempo deixou de saborear’ (João Paulo II). Devemos sentir desejo de
encontrar-nos pessoalmente com o Senhor o quanto antes – como o desejariam os
seus discípulos quando se ausentavam por uns dias –, para descarregarmos n’Ele
toda a dor experimentada ao verificarmos as nossas fraquezas, os erros, as
imperfeições e os pecados cometidos tanto ao realizarmos os nossos deveres
profissionais como no relacionamento familiar e social, na atividade apostólica
e na própria vida de piedade. Este esforço por colocar Cristo no centro de
nossas confissões é muito importante para não cairmos na rotina, para tirarmos
do fundo da alma tudo aquilo que mais nos pesa e que somente virá à tona à luz
do amor de Deus. ‘Lembrai-vos, Senhor, de vossa misericórdia e a vossa bondade
são eternas’” (Francisco Fernandez-Carvajal – Falar
com Deus – Vol. 2 – Quadrante).
Pe. João Bosco Vieira
Leite