Missa de Natal – Missa do Dia

(Is 52,7-10; Sl 97[98]; Hb 1,1-6; Jo 1,1-18)*                     

1. Estamos ainda em pleno dia. Dia do Natal. A liturgia do dia expressa menos que da noite: a misteriosa transparência do divino na condição do menino de Belém; mas proclama abertamente a sua glória. Se, na missa da noite e da aurora, o acento cai na humildade do Messias, na Missa do Dia é realçada sua eterna grandeza.

2. Em síntese: Jesus se despojou assumindo nossa condição humana, para que nós participássemos da sua glória de Filho de Deus.

3. A 1ª leitura proclama com alegria a Boa-nova da salvação universal ao comentar sobre a beleza dos pés daquele que anuncia e prega a paz, o bem e a salvação. Aquilo que os dirigentes de Israel não fizeram, Deus fará pelo seu povo, pois não o abandona. Por isso a Ele se entoa um canto novo, reza o salmista.

4. A palavra do profeta foi uma palavra provisória, nos lembra o autor da 2ª leitura, mas nesses últimos tempos Deus nos falou pelo seu Filho, a Palavra definitiva de Deus, no qual se plenificam todas as manifestações de Deus.

5. E numa expressão maior desse mistério de salvação, o evangelista João anuncia que a Palavra de Deus se tornou existência humana (‘carne’) e, por isso, luz para todos os que a acolheram. Jesus é autocomunicação, a ‘Palavra’ de Deus para nós, desde a criação, e mesmo antes!

6. Deus vem a nós, na existência humana mortal, morada carnal da glória de Deus no meio de nós. João e o autor da carta aos Hebreus querem nos dizer que o que Jesus diz e faz, Deus é quem diz e faz. Jesus assume a nossa humanidade de modo pleno, por isso devemos, com Cristo, viver nossa existência humana assim como Deus mesmo a viveria.

7. A manifestação de Deus em Jesus, superou de longe aquilo que divisou o profeta Isaías. A mensagem, a Palavra de Deus, tornou-se carne, existência humana. A Palavra de Deus veio mostrar aquilo que Deus sempre nos quis dizer: “Eu vos amo”.

8. O próprio João nos lembra que “Deus é Amor”. E foi na cruz que esse amor se expressou de um modo particular: mais humano, frágil e mortal. A festa da Encarnação não é só Natal, mas também Sexta-feira Santa. O presépio, a manjedoura, é da mesma madeira da cruz.

9. Tudo o que Jesus nos manifesta é Palavra de Deus falada a nós, palavra de amor eterno. E, à medida que nós formos novos Cristos, também nossa ‘carne’, nossa vida e história será uma Palavra de Deus para nossos irmãos e irmãs, e mostrará ao mundo o verdadeiro rosto de Deus: um rosto de amor. E seremos também nós um com Ele.

* Essa reflexão tem por base o livro “Celebrar o Dia do Senhor” (Paulus). 

Pe. João Bosco Vieira Leite