Terça, 18 de julho de 2023

 (Ex 2,1-15; Sl 68[69]; Mt 11,20-24) 15ª Semana do Tempo Comum.

“Um homem da família de Levi casou-se com uma mulher da mesma tribo, e ela concebeu e deu à luz um filho. Ao ver que era um belo menino, manteve-o escondido durante três meses” Ex 2,1-2.

“A narração, construída com grande habilidade e ironia, divide-se em duas partes. A primeira (vv. 1-10) conta o nascimento de um menino hebreu, colocado pela mãe na margem do Nilo e achado pela filha do Faraó que o toma consigo; só no final desta cena vimos a saber que o recém-nascido salvo é Moisés, aquele que salvará o povo. Na segunda parte (vv. 11-15a) Moisés, já adulto, intervém duas vezes em contendas entre hebreus, mas as suas tentativas de fazer justiça fracassam dramaticamente. [...] A figura de Moisés, a personagem que guiará Israel do Egito até à fronteira da Terra Prometida, é apresentada desde o nascimento com aspectos extraordinários e simbólicos. Moisés nasce duas vezes: da mãe antes, e das águas depois, nas quais fora lançado para morrer; é salvo das águas do mar Vermelho; é hebreu de nascimento e pela primeira educação, mas é também egípcio, porque foi salvo pela filha do Faraó, da qual recebe o nome, e porque cresce no palácio real. Moisés tem, portanto, uma dupla identidade, mas ele sabe de que lado deve estar: escolher a parte dos oprimidos, identificando-se com seu povo. Aparece, portanto, como o homem da justiça, que defende o inocente dos violentos, escolhendo, ao início, instrumentos ineficazes: a violência que exerce volta-se contra ele e o seu desejo de justiça a este ponto da história desaparece. Moisés, salvo das águas, antes de salvar através das águas, precisa de encontrar o Senhor e de receber d’Ele a missão e a revelação definitiva da sua identidade” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Tempo Comum – Vol. 1] – Paulus).  

Pe. João Bosco Vieira Leite