Terça, 27 de dezembro de 2022

(1Jo 1,1-4; Sl 96[97]; Jo 20,2-8) 

São João Evangelista.

“Então entrou também o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo. Ele viu e acreditou” Jo 20,8.

“João – ‘o discípulo que Jesus amava’ e ao qual confiou sua mãe do alto da cruz – era galileu, filho de Zebedeu e irmão de são Tiago Maior. Pescador de profissão, oriundo de Betsaida, como os outros dois célebres pescadores, Pedro e André. É provável que, por sua qualificação de pescador, o Sinédrio – depois da Ascensão de nosso Senhor – o tenha considerado ‘homem iletrado e sem posição social’, mas quem lê o quarto evangelho dá-se conta da audácia do pensamento de João, que os cristãos chamavam ‘o Teólogo’ por antonomásia. Mas inclinado à contemplação que à ação, é o protótipo das almas consagradas. Está entre os íntimos de Jesus, mais próximo do Mestre nos momentos solenes, como na Última Ceia; está junto a Jesus moribundo na cruz e recolhe suas últimas palavras. À diferença dos outros apóstolos, João não era casado e manteve tal estado na sua longa existência consumida a serviço do Evangelho. É o autor do quarto evangelho, centrado na divindade de Cristo desde a primeira linha, no qual, como a águia (símbolo de João), já no primeiro bater de asas eleva-se às vertiginosas alturas do mistério trinitário: ‘No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus’. É também autor de três cartas canônicas e do Apocalipse (o ‘livro da Revelação’ ou livro profético, que finaliza o cânon bíblico), no qual ´preconizado o triunfo do Redentor e de sua Igreja, a infâmia das perseguições que lhe obstruem o caminho. A luta do poder das trevas contra ela durará sempre nesta terra, mas a Igreja sairá vencedora. O ‘Filho do Homem’ – assim o chamou o Mestre – era, portanto, de temperamento ardente, alheio aos compromissos como às exaltações. E talvez nesse ponto resida o segredo da inefável amizade que o ligava a Jesus. Depois de Pentecostes, passou grande parte de seus anos em Éfeso e na ilha de Patmos. Constitui lenda que ele tenha sido lançado numa caldeira com óleo fervente, em Roma, e saído ileso. João morreu em Éfeso, em idade avançada” (Mario Sgarbosa – Os santos e os beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente – Paulinas). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite