(Is 9,1-6; Sl 95[96]; Tt 2,11-14; Lc 2,1-14).
“Aconteceu que,
naqueles dias, Cesar Augusto publicou um decreto, ordenando o recenseamento de
toda a terra”
Lc 2,1.
“Será difícil achar
alguém que não se comova com a história do nascimento de Jesus como nos é
contada por Lucas. Lucas entrelaçou artisticamente três histórias: as
narrativas sobre o recenseamento, sobre o nascimento de Jesus e sobre o anúncio
do nascimento aos pastores. Os exegetas estão de acordo, hoje, em dizer que não
houve um cadastramento de contribuintes do império inteiro, apenas algumas
regiões. Mas Lucas não cita simplesmente fatos históricos, ele os interpreta.
Ele coloca o nascimento de Jesus no mundo político do imperador Augusto, para
mostra que Jesus é o verdadeiro rei da paz, e que não é Augusto quem traz a salvação,
como afirmavam muitas inscrições, e sim Jesus, que nasceu como criança pobre
numa estrebaria. Esse nascimento, num recanto insignificante da Palestina, tem
significado decisivo para o mundo inteiro. Jesus é o verdadeiro Salvador e
Senhor. É ele quem traz a paz verdadeira, e não Augusto, que se deixava
homenagear como ‘Imperador da Paz’. Com a sua narrativa Lucas corrige a
ideologia do domínio imperial, mas ao mesmo tempo também a teologia política
dos zelotes, que se revoltavam contra o recenseamento. Maria e José obedecem à
ordem do imperador. A reviravolta da situação não avia de acontecer pela
violência ou por força externa, e sim partindo de dentro. Em Jesus, Deus
interveio na história. A paz em que Jesus reluziu na história tem resultados
históricos e políticos. Os cristãos deverão, na visão de Lucas, difundir a paz
de Cristo pelo mundo inteiro. Graças aos cristãos, a história de Jesus deverá
ter efeitos sanadores a pacificadores. A paz de Deus fica visível na história
de Jesus, e tende a penetrar, por ele, em toda a história do mundo” (Anselm Grüm
– Jesus, modelo do ser humano – Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite