Quinta, 29 de dezembro de 2022

(1Jo 2,3-11; Sl 95[96]; Lc 2,22-35) 

Oitava de Natal.

“Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: ‘Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição” Lc 2,34.

“Que profecia realista, esta de Simeão: Jesus, sinal de contradição! Como se cumpriu e continua se cumprindo ao pé da letra! Milhões se apaixonam e dão a vida por ele, enquanto inúmeros outros continuam a vociferar: ‘não queremos que ele reine sobre nós!’ Os antigos ´profetas já haviam captado isto: ora o apresentam como uma pedra fundamental, angular e preciosa, na qual se pode confiar; ora como pedra de tropeço, uma rocha que faz cair, um laço e uma armadilha (cf. Is 8,14; 28,16). O próprio Jesus assume esta realidade: ‘Pensai que vim trazer paz à terra? Digo-vos que não, e sim a separação. Doravante estarão cinco numa casa separados entre si, três contra dois e dois contra três’ (Lc 12,51-52). Diante dele não se pode ficar indiferente; tem-se que tomar partido, pró ou contra. Não se pode ficar em cima do muro porque, no dizer de Paulo, Jesus veio exatamente para derrubar o muro. Diante dele tem-se que ser quente ou frio, porque o morno ele vomita de sua boca (Ap 3,16). Sincero, autêntico e resoluto como é, não aceita subterfúgios e meias verdades. Mais do que uma adesão à sua doutrina, ele exige adesão à sua pessoa: ‘Quem não está comigo, está contra mim; e quem não recolhe comigo, dispersa’ (Mt 12,30). Com a mesma firmeza com que diz: ‘Segue-me!’, diz também: ‘Afasta-te de mim!’. Todavia, fique clara uma coisa: não é dele a responsabilidade pela não-adesão ou pela rejeição; é nossa. Não foi por sua vontade que ele se tornou pedra de tropeço, mas pela nossa. Cafarnaum e Jerusalém sabem disso. E nós também. – Senhor, enviastes vosso Filho ao mundo para salvar-nos; não para condenar-nos. Porém, a salvação não é tarefa só dele; é nossa também. Ajudai-nos a não desprezar a advertência do apóstolo: ‘Trabalhai para vossa salvação com temor e tremor’ (Fl 2,12). Amém” (Geraldo de Araújo Lima – Graças a Deus [1995] – Vozes).

  Pe. João Bosco Vieira Leite