(Pr 3,27-34; Sl 14[15]; Lc 8,16-18)
25ª Semana do Tempo Comum.
“Com efeito, tudo que
está escondido deverá tornar-se manifesto; e tudo o que está em segredo deverá
tornar-se conhecido e claramente manifesto” Lc 8,16-18.
“Nosso Deus não é o
Deus das exterioridades; nosso Deus não se satisfaz somente com ritos,
cerimônias, observâncias e mandamentos; tudo isso será necessário fazer e
exercitar, mas somente terá sentido e significação quando corresponder a uma
realidade interior. A Bíblia adverte-nos que Deus olha o coração: ‘O que o
homem vê não é o que importa: o homem vê a face, mas o Senhor olha o coração’ (1Samuel
16,7). A purificação do interior é obra do Espírito Santo; quando se abre o
coração ao Espírito, quando o Espírito se apossa de um coração, começam a cair
todas as escamas que o mundo, o demônio e a carne tinham deixado nesse coração
e assim, purificado, frutifica nele a ação do Espírito, que é obra de
santificação, de elevação, de deificação. Em última análise, como diz o
evangelho, ‘não há coisa oculta que não acabe por se manifestar’ (v. 17). Do
coração possuído pelo Espírito de Deus surgem os sentimentos retos, as boas
obras, a ação apostólica. A coisa oculta também se manifestará quando o oculto
for vergonhoso e inconfessável diante dos outros; as estreitezas do espírito,
os sentimentos egoístas, os motivos secretos, as verdadeiras intenções que nos
incitaram a atuar. A semente esconde-se na terra, na escuridão do sulco;
ninguém a vê, ninguém sabe que está ali; sua presença não se dá a conhecer; é
essa a primeira etapa da vida: de obscuridade e desconhecimento; etapa
necessária, etapa vital; porém, etapa transitória. Não pode ser isso o
definitivo e o fim. Superada essa etapa, a semente deverá sair à luz do sol,
desenvolvendo-se, crescendo, mostrando à luz sua vitalidade. O fato é que a sua
vida espiritual deve também passar pela etapa do aprofundamento de suas raízes
em você. A vida espiritual é essencialmente uma vida de interioridade, de
intimidade, de profundidade; será ter Deus, possuir Deus, viver Deus,
entregar-se a Deus; porém, em seguida, essa vida interior terá de sair para o
exterior, deverá manifestar-se aos outros, de maneira que possa contagiar todos
os que o rodeiam” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do
ano – Ave-Maria).
Pe. João Bosco Vieira Leite