(Hb 5,7-9; Sl 30[31]; Jo 19,25-27)
Nossa Senhora das Dores.
“Perto da cruz de
Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria
Madalena” Jo 19,25.
“Eis a novidade e a
beleza da nossa fé cristã: cremos num divino que assumiu a fragilidade de nossa
vida e experimentou as dores e as alegrias da nossa existência; cremos num
divino que, por fidelidade e amor ao Pai e ao ser humano, esteve conosco até o fim,
amou-nos até as últimas consequências (Jo 13,1). Para nós cristãos, a
encarnação de Jesus é um mistério de fé e de amor. Como diz a Escritura: Deus
amou o mundo de tal maneira que enviou-nos o seu Filho para nossa salvação (cf.
Jo 3,16s). Ou ainda: Deus demonstrou seu amor para conosco porque Cristo morreu
por nós quando ainda éramos pecadores (Rm 5,8). Sim, caro leitor, o Natal e a
Paixão do Senhor fazem parte do mesmo Mistério de amor e jamais podem ser
compreendidos separadamente. Da manjedoura à cruz, a vida de Jesus foi de total
encarnação. Ele tocou na carne de muitos enfermos, abençoou as crianças, fez-se
próximo das mulheres, perdoou os pecadores e fez refeição com eles; enfim,
tocou nas pessoas e deixou que outros também o tocassem. No alto da cruz,
agonizante, Ele ainda demonstrou preocupação com os que estiveram ao seu lado.
Como um bom filho judeu, preocupou-se com sua imá – a sua
mamãe – e preocupou-se também com os seus amigos, os seus discípulos, e por
isso pediu-lhes que cuidassem um do outro, que se protegessem mutuamente (Jo
19,25-27). Hoje, portanto, ao contemplarmos a encarnação e a paixão do Senhor,
devemos ter bem claro esse modo de ser de Jesus. O verdadeiro amor encarna-se,
não fica só em palavras; o verdadeiro amor concretiza-se, torna-se realidade:
toca, ampara, cura, liberta, suja-se, fere-se, aniquila-se, e nisso encontra
sua alegria e sua paz. – Ajuda-nos, Senhor, para que nosso amor seja
concreto, verdadeiro. Ensina-nos, com a força do teu amor, a tocar as
realidades feridas deste mundo e a socorrer os pobres e enfermos do nosso
tempo. Amém” (Marcos Daniel de Moraes Ramalho – Meditações
para o dia a dia [2017] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite