(1Cor 10,14-22; Sl 115[116]; Lc 6,43-49)
23ª Semana do Tempo Comum.
“Toda árvore é
reconhecida pelos seus frutos. Não se colhem figos em espinheiros nem uvas de
plantas espinhosas” Lc 6,44.
“A árvore é
reconhecida pelo fruto, afirma Jesus. A advertência é clara: não bastam as boas
intenções, não basta dizer ‘Senhor! Senhor!’; a nossa prática é que revelará os
valores que predominam no mais íntimo de nós, o verdadeiro amor que temos por
Ele (Lc 6,43-49). Jesus não fala da árvore e do fruto por acaso. Na verdade,
Ele fazia um alerta aos doutores e aos fariseus – não em tom de desafio,
querendo comprar briga, mas como simples advertência; queria apenas que eles
abrissem os olhos; queria que eles fossem capazes de ir além da letra da Lei:
‘Eu pergunto a vocês: a Lei permite no sábado fazer o bem ou fazer o mal...?’
(Lc 6,9); ‘Se vocês fazem o bem somente aos que lhe fazem o bem, que gratuidade
é essa?’ (Lc 6,33). Jesus não tinha problemas com as limitações e contradições
humanas; ao contrário, ele sempre se mostrou compreensivo com os pecadores. E
foi justamente essa sua compreensão e generosidade que despertou em tantos
homens e mulheres o firme desejo de uma nova vida, de uma mudança de valores e
de atitudes. O Mestre, porém, sempre mostrou enorme preocupação quando estava
diante de pessoas que se julgavam perfeitas e exaltavam suas próprias
qualidades. Isso, sim, inquietava-o, irritava-o: ‘Hipócritas! Tire primeiro a
trave do seu próprio olho...’ (Lc 6,42b). Em resumo: Jesus não está condenando
a nossa fragilidade humana, as nossas limitações. Deixa-nos, porém, um alerta:
pede que gastemos mais energia cuidando de nossa própria conversão, e deixemos
de lado essa obsessão em querer julgar e condenar os irmãos; pede, ainda, que
sejamos misericordiosos e menos juízes (Lc 6,35-36). – Ajuda-me,
Senhor. Que eu procure mais compreender, do que ser compreendido; amar, do que
ser amado; pois é dando que se recebemos; é perdoando que somos perdoados; e é
fazendo morrer em nós o egoísmo, que encontraremos a vida eterna. Amém” (Marcos Daniel
de Moraes Ramalho – Meditações para o dia a dia [2017] –
Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite