Quarta, 14 de setembro de 2022

(Nm 21,4-9; Sl 77[78]; Jo 3,13-17) 

Exaltação da Santa Cruz.

“Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna” Jo 3,14-15.

“A Festa da Exaltação da Santa Cruz é de antiga data: remonta a 335, quando foram inauguradas – ou melhor, dedicadas – as duas basílicas constantinas de Jerusalém no Gólgota: Ad Crucem e Anàstasis ou Ressurreição. Entretanto, a celebração deste dia não pretende recordar somente o reencontro da Cruz (obra da piedosa Helena, mãe de Constantino) e a dedicação das duas basílicas. Neste dia, como naquela época, todo cristão deve fortificar a própria alma com a imagem salvífica do crucifixo e de seu triunfo final com a Ressurreição, pois a exaltação de Cristo Crucificado passa pelo sacrifício do Gólgota; a antítese sofrimento-glorificação se torna fundamental na história da redenção e em toda pessoa redimida pelo crucifixo. A cruz se torna o símbolo e o compêndio da religião cristã. ‘Será bom’, escreve J. G. Brousolle na Enciclopédia cristológica, ‘para reagir contra um perigoso pessimismo, revigorar nossa fé no contato com um crucifixo francamente triunfal, ao qual pedimos algo mais do que aumentar nossa capacidade de sofrimento, nossa possibilidade de resignação. Ele fortificará nossa debilidade, infundirá vigor a nossa coragem. O crucifixo não seria um remédio eficaz contra a desilusão, se não nos incutisse a esperança certa da glorificação, que o fiel, por mais miserável que seja, entrevê e espera contemplando docemente sua imagem. E é assim que ele nos conduzirá; mas, encaminhemo-nos na via inteiramente sobrenatural, rumo àquele amor de dileção, que é a divina caridade’, porque o Reino de Cristo não é um reino ou um presídio de renúncia e de sofrimento, mas um reino de glória. Por trás da imagem da cruz está a aurora da ressurreição, até para todo fiel. Pois que, diz são Paulo, se Cristo não tivesse ressuscitado, nossa fé e nossa esperança seriam vãs. ‘Não só não nos devemos enrubescer com a morte do Senhor’, diz santo Agostinho, ‘mas também confiar muito nela e ver nisso motivo de suma glória: aceitando, de fato, a morte, que ele encontrou em nós, esposou de modo mais fiel a vida que nos tinha dado, que nós não podíamos ter por nós mesmos. Com efeito, aquele que nos amou tanto, sofreu por nós, pecadores – ele, sem pecado – aquilo que nós, pecadores, merecemos pelo pecado... Cristo foi crucificado por nós: não vos assusteis, mas estejais na glória, proclamando-o não com vergonha, mas com glória’” (Mario Sgarbosa – Os santos e os beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente – Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite