(Sf 3,14-18; Sl Is 12; Lc 1,39-56)
Visitação de Nossa Senhora.
“Como posso merecer
que a mãe do meu Senhor me venha visitar?” Lc 1,43.
“Isabel, uma mulher
de talvez 40 anos, impossibilitada pelos anos de ter filhos, recebe a visita de
Maria, grávida de Jesus. Foi, então, que irrompeu neste grito: ‘Donde me vem a
honra que a mãe do meu Senhor venha a mim?’ Só que ela também estava grávida. A
sua, para aqueles tempos, vergonha que não existia mais. Angústia, nem de
longe. Autoestima, alta. Era fé, portanto. Ela seria a mãe de João Batista. Por
que, então, a exclamação? Porque, de alguma forma, ela sabia que Maria estava
grávida, estava com Jesus, o Senhor, como diz a Bíblia: ‘Como são maravilhosos
os pés dos que anunciam boas-novas’. E quem lhe anunciava boas-novas era o
útero de Maria. Nessa lição de Isabel e Maria talvez não valorizemos
devidamente o papel do intermediário na transmissão de uma mensagem. Ora, o
intermediário compartilha a mensagem conosco e, num certo sentido, ou mais, ou
menos, até compartilha dela. Vejamos o caso próprio de Jesus. Ele é um
intermediário entre o Pai e nós. E o seu papel de intermediário é de tamanha
importância que Ele até se torna parte integrante da mensagem. Não podemos
falar de salvação sem incluir nela o próprio Jesus Cristo. Com Maria é um pouco
diferente. Ela foi uma intermediária na carne, no corpo, e foi depois uma
intermediária na pregação, quase uma apóstola, embora muito longe do que foi
seu Filho. Mas, assim mesmo, ela é objeto de nossa fé, pois no Credo apostólico
nós confessamos: ‘[...] nasceu da Virgem Maria [...]’. E esse que nasceu era
exatamente o mesmo que Isabel chama de Senhor. Foi de Maria, então, o que nosso
Senhor recebeu a sua humanidade, dogma fundamental na pessoa e na obra de
Cristo Jesus para a salvação da humanidade. – Senhor Jesus, somos
cristãos intermediados por muitas e muitas pessoas que se dedicaram a nós com
muito esforço para fazer a Palavra chegar a nós. Uma delas foi Maria, que no
seu útero recebeu o Cristo para dá-lo ao mundo como o homem que iria redimir a
humanidade. Amém” (Martinho Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2017]
– Vozes).