Terça, 31 de maio de 2022

(Sf 3,14-18; Sl Is 12; Lc 1,39-56) 

Visitação de Nossa Senhora.

“Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?” Lc 1,43.

“Isabel, uma mulher de talvez 40 anos, impossibilitada pelos anos de ter filhos, recebe a visita de Maria, grávida de Jesus. Foi, então, que irrompeu neste grito: ‘Donde me vem a honra que a mãe do meu Senhor venha a mim?’ Só que ela também estava grávida. A sua, para aqueles tempos, vergonha que não existia mais. Angústia, nem de longe. Autoestima, alta. Era fé, portanto. Ela seria a mãe de João Batista. Por que, então, a exclamação? Porque, de alguma forma, ela sabia que Maria estava grávida, estava com Jesus, o Senhor, como diz a Bíblia: ‘Como são maravilhosos os pés dos que anunciam boas-novas’. E quem lhe anunciava boas-novas era o útero de Maria. Nessa lição de Isabel e Maria talvez não valorizemos devidamente o papel do intermediário na transmissão de uma mensagem. Ora, o intermediário compartilha a mensagem conosco e, num certo sentido, ou mais, ou menos, até compartilha dela. Vejamos o caso próprio de Jesus. Ele é um intermediário entre o Pai e nós. E o seu papel de intermediário é de tamanha importância que Ele até se torna parte integrante da mensagem. Não podemos falar de salvação sem incluir nela o próprio Jesus Cristo. Com Maria é um pouco diferente. Ela foi uma intermediária na carne, no corpo, e foi depois uma intermediária na pregação, quase uma apóstola, embora muito longe do que foi seu Filho. Mas, assim mesmo, ela é objeto de nossa fé, pois no Credo apostólico nós confessamos: ‘[...] nasceu da Virgem Maria [...]’. E esse que nasceu era exatamente o mesmo que Isabel chama de Senhor. Foi de Maria, então, o que nosso Senhor recebeu a sua humanidade, dogma fundamental na pessoa e na obra de Cristo Jesus para a salvação da humanidade. – Senhor Jesus, somos cristãos intermediados por muitas e muitas pessoas que se dedicaram a nós com muito esforço para fazer a Palavra chegar a nós. Uma delas foi Maria, que no seu útero recebeu o Cristo para dá-lo ao mundo como o homem que iria redimir a humanidade. Amém (Martinho Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite