(At 18,23-28; Sl 46[47]; Jo 16,23-28)
6ª Semana da Páscoa.
“Eu saí do Pai e vim
ao mundo; e novamente parto do mundo e vou para o Pai” Jo 16,28.
“O mistério de
comunhão em Deus sempre aponta para uma relação não de dependência, mas de
parceria e unidade, por isso é modelo de convivência e de experiência de fé
para cada um de nós. Cada momento na vida de Jesus não corresponde a um projeto
isolado, mas tudo concorre para seu plano de salvação de toda a humanidade.
Assim, a Encarnação, sua vida pública, sua Paixão, Morte e Ressurreição
constituem um mesmo e único movimento de aproximação que gera comunhão é também
o que chamamos de salvação... O anúncio de Jesus, de que chegaria o momento da
consumação não esquece, em momento algum, toda a caminhada até ali, pelo
contrário, a pressupõe... Assim, sair do Pai não é afastamento de Deus, mas
indica, outrossim, a profunda comunhão entre Jesus e o Pai mesmo enquanto sua
vida como ser humano. E o deixar o mundo e voltar para junto do Pai em hipótese
alguma é abandono do ser humano; indica, na verdade, o objetivo do próprio ser
humano, que tende para Deus. Origem (fundamento) e finalidade são sempre Deus.
Ele é quem possibilita nossa vida literalmente, tudo em nossa vida, e é a Ele
que rumamos em nossa peregrinação terrena. Deus é quem dá sentido a nossa
busca... É também objetivo e caminho da própria busca. Ou seja, dedicar a vida
à busca de Deus é já encontra-lo, vivenciar sua graça não como recompensa ao
final do caminho, mas como condição da caminhada. A mesma jornada só se dá
porque traz Deus conosco, em nosso mundo, em nossa vida, em nossa realidade.
– Senhor, Tu és a origem e o destino de nosso caminhar. Permita que
reconheçamos os valores do nosso mundo sempre como oportunidade de te louvar e
agradecer. Que não nos percamos num moralismo que deturpa a tua criação como
má, mas que tenhamos força para vencer as provações e nos voltaremos sempre
para ti. Amém!” (Clauzemir Makximovitz – Meditações para o dia a dia [2015]
Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite