(At 13,13-25; Sl 88[89]; Jo 13,16-20)
4ª Semana do Tempo Pascal.
“Eu não falo de vós
todos. Eu conheço aqueles que escolhi, mas é preciso que se realize o que está
nas Escrituras: ‘Aquele que come o meu pão levantou contra mim o calcanhar’” Jo 13,18.
“Depois de três anos
de convivo intenso, denunciar um dos discípulos como traidor era tudo que o
Salvador não desejaria fazer. Mas, infelizmente, a natureza humana e sua
inclinação para o mal estão sempre a postos para fazer estragos entre as
pessoas, e nem os grupos mais seletos e exclusivos estão livres deste problema.
Apesar de previsto no Antigo Testamento, a Bíblia silencia quanto a uma
justificativa sobre a escolha de Judas por Jesus, e nem mesmo porque, após três
anos de convivência, não o ter despedido. E isto, como diz nosso texto, que
Jesus conhecia os que havia escolhido. Considerando-se os episódios da negação
de Pedro, da fuga dos discípulos por ocasião da prisão de Jesus, das portas
trancadas e do medo deles após a ressurreição do Salvador, o fracasso de Judas
passa a ser um fato compreensível em se tratando tanto da natureza humana em
si, e dos limites e percalços que o projeto de Deus precisa superar para
cumprir sua missão de salvar os seres humanos, justamente por depender de
homens e mulheres para levar esta missão ao mundo. Interesses pessoais, não só
de riquezas, ou de garantias pessoais, e até de piedosa arrogância espiritual
como a de Pedro, que não deixaria Cristo ser preso e morto, estão presentes no
grupo dos fiéis, mais do que imaginamos, e cada um de nós sabe o quanto é
complicado dar primazia, e principalmente a si mesmo, ao projeto de Deus. Judas
está aí como um aviso precioso: somos todos iguais, especialmente no fracasso
dos interesses pessoais em preferência aos interesses de Deus. Os onze
discípulos estão aí como exemplo de que os interesses de Deus compensam tudo,
especialmente a vida eterna. – Senhor, faça-me fiel à tua vontade. Amém” (Augusto Jacob
Grün – Meditações para o dia a dia [2015] Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite