Quinta, 12 de maio de 2022

(At 13,13-25; Sl 88[89]; Jo 13,16-20) 

4ª Semana do Tempo Pascal.         

“Eu não falo de vós todos. Eu conheço aqueles que escolhi, mas é preciso que se realize o que está nas Escrituras: ‘Aquele que come o meu pão levantou contra mim o calcanhar’” Jo 13,18.

“Depois de três anos de convivo intenso, denunciar um dos discípulos como traidor era tudo que o Salvador não desejaria fazer. Mas, infelizmente, a natureza humana e sua inclinação para o mal estão sempre a postos para fazer estragos entre as pessoas, e nem os grupos mais seletos e exclusivos estão livres deste problema. Apesar de previsto no Antigo Testamento, a Bíblia silencia quanto a uma justificativa sobre a escolha de Judas por Jesus, e nem mesmo porque, após três anos de convivência, não o ter despedido. E isto, como diz nosso texto, que Jesus conhecia os que havia escolhido. Considerando-se os episódios da negação de Pedro, da fuga dos discípulos por ocasião da prisão de Jesus, das portas trancadas e do medo deles após a ressurreição do Salvador, o fracasso de Judas passa a ser um fato compreensível em se tratando tanto da natureza humana em si, e dos limites e percalços que o projeto de Deus precisa superar para cumprir sua missão de salvar os seres humanos, justamente por depender de homens e mulheres para levar esta missão ao mundo. Interesses pessoais, não só de riquezas, ou de garantias pessoais, e até de piedosa arrogância espiritual como a de Pedro, que não deixaria Cristo ser preso e morto, estão presentes no grupo dos fiéis, mais do que imaginamos, e cada um de nós sabe o quanto é complicado dar primazia, e principalmente a si mesmo, ao projeto de Deus. Judas está aí como um aviso precioso: somos todos iguais, especialmente no fracasso dos interesses pessoais em preferência aos interesses de Deus. Os onze discípulos estão aí como exemplo de que os interesses de Deus compensam tudo, especialmente a vida eterna. – Senhor, faça-me fiel à tua vontade. Amém (Augusto Jacob Grün – Meditações para o dia a dia [2015] Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite