4º Domingo do Tempo Pascal – Ano C

(At 13,14.43-52; Sl 99[100]; Ap 7,9.14-17; Jo 10,27-30)

1. Esse nosso domingo pascal é comumente denominado do “Bom Pastor”, porque a cada ano a liturgia nos propõe um trecho do cap. 10 de São João, onde aparece a imagem do pastor, da ovelha, do rebanho e do redil, aplicadas a Jesus e aos que o seguem.

2. Ao centro de todo esse capítulo está a solene afirmação de Jesus: ‘Eu sou o bom Pastor’, no sentido daquele que realiza ou tem em si todas as qualidades do verdadeiro pastor. Por trás dessa imagem está a promessa do AT, um pastor igual a Davi, não só para Israel, mas para toda a humanidade.

3. Nesse breve trecho de hoje emergem três características de Jesus, o verdadeiro pastor: Ele ‘conhece’ as suas ovelhas, não só sob o aspecto intelectual, mas também a protege, ama cura: para dizer que tem uma íntima comunhão de vida entre Ele e seus discípulos.

4. A segunda característica é que Ele ‘dá a vida eterna’, ou seja, a vida definitiva que prefigura a comunhão eterna com Deus. E em 3º lugar afirma que ‘Ele e o Pai são uma só coisa’, uma revelação da sua divindade e ao mesmo da sua comunhão com o Pai na obra da salvação. Em Jesus se reflete o querer de Deus a nosso respeito.

5. O que isso implica na vida dos seus discípulos e discípulas? Dá nossa parte deve haver primeiramente uma atitude de ‘escuta’, acolhimento, docilidade e disponibilidade aos seus ensinamentos. Segundo: ‘seguimento’. Colocar-se na mesma estrada, tê-lo como ponto de referimento, colocando em prática seus ensinamentos.

6. Por último, o ‘conhecimento’. Para João, entre Cristo e o discípulo deve haver não só uma comunhão de pensamento, mas uma verdadeira comunhão existencial: a vida do Pai que através do Filho é transmitida ao discípulo; mistério profundo e sublime, realidade inefável, de uma grandeza indescritível.

7. E disso tudo emergem também as perguntas: Escutamos a sua voz com docilidade e disponibilidade? É Ele verdadeiramente o ponto de referência do nosso agir? Sentimos a alegria profunda de sermos ‘conhecidos’, curados, amados, guiados e feitos participantes de sua própria vida? 

8. Os outros dois textos da nossa liturgia ilustram e complementam o nosso Evangelho. Cristo é o Cordeiro Imolado, de que fala a 2ª leitura. O Vivente, misteriosamente presente em sua Igreja e que acompanha todos aqueles e aquelas que dão seu testemunho de fé, como Paulo e Barnabé na 1ª leitura.

9. Essa missão de levar e anunciar a salvação em Cristo Jesus é de toda a Igreja, mas de modo particular àqueles que por vocação divina são chamados a um estado de consagração a Deus e aos irmãos: os sacerdotes, religiosos e religiosas. Por isso, nesse domingo do Bom Pastor se realiza a Jornada mundial das vocações sacerdotais e religiosas.

10. O tema desse ano: “Chamados para construir a família humana”, o papa nos lembra que a palavra vocação não tem um sentido estrito, mas todos somos chamados a participar da missão de Cristo Pastor de congregar o seu rebanho disperso. Que cada um encontre o seu respectivo lugar e contribua para essa unidade desejada por Cristo. Amém.  

Pe. João Bosco Vieira Leite