Quinta, 26 de maio de 2022

(At 18,1-8; Sl 97[98]; Jo 16,16-20) 

6ª Semana da Páscoa.

“Em verdade, em verdade vos digo, vós chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se alegrará.

Vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria” Jo 16,20.

“Chorar. Lamentar-se. Experiências comuns da espécie humana! Choramos e nos lamentamos já desde o nascimento, e, na morte, choram e se lamentam por nós. Durante a vida, é bem verdade, há muitos momentos de riso e alegria entremeados e também de choro e lamentações. É a vida. Jesus, no entanto, visava a dar uma dor muito específica: a sua ausência. Ora, sua ausência dos discípulos não seria uma ausência de apenas poucos dias em que, do ponto em que se achavam os discípulos, eles poderiam acenar com os famosos lenços brancos da partida. Ela se daria após a prisão ilegal, um julgamento encenado e uma condenação cruel à morte. Trágica partida cujas lágrimas não seriam enxugadas com o providencial lencinho branco. Era uma tragédia que traria não apenas saudade de um ente querido, mas também o fim de uma esperança e até mesmo a insegurança quanto à própria vida. E aí o choro se somaria à lamentação, e não haveria mais nenhuma alegria a não ser a do mundo, a alegria dos inimigos de Jesus e opositores de sua mensagem. Então viria tristeza, pois o choro seca as lágrimas, mas essa tristeza se transformaria em alegria. No texto, Jesus não define por que ela surgiria. Entretanto, Ele já havia em outras ocasiões declarado a sua essência: a ressurreição da morte. E a ressurreição não seria tão somente uma volta à vida como seria ainda a própria afirmação da vida em todo o seu esplendor. Seria a reafirmação e a confirmação de tudo aquilo que Ele havia dito, seria o Evangelho por excelência; logo, a vida eterna sem nenhum limite. Consequentemente, seria a alegria completa. E essa alegria seria também universal. – Senhor, nas tuas angústias vemos a luz, pois com elas te igualaste a nós, e nas angústias dos discípulos vemos a base da nossa esperança, pois sabemos que a dor é como o parto: a antevéspera da vida. Amém (Martinho Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite