Terça, 10 de maio de 2022

(At 11,19-26; Sl 86[87]; Jo 10,22-30) 

4ª Semana do Tempo Pascal.

“Meu Pai, que me deu essas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebata-las da mão do Pai” Jo 10,29.

“Tamanho pode não ser documento, mas ajuda, e muito. E quando se fala sobre Deus e seu tamanho, alguém poderia contrapor-lhe a ideia de ser maior que Ele ou a de lhe ser mais poderoso? Diria alguém a Ele: Tamanho não é documento? Pois bem, Jesus afirmou: ‘Meu Pai, que me deu as ovelhas, é maior que todos’. E nessa questão de tamanho, Jesus enfatiza o poder e a segurança, pois de nada adiantaria ter o nosso Deus o tamanho que lhe atribuímos se não tivesse também o poder correspondente. Aqui, tamanho é documento, e esse mais limpo, legal e mais autorizado que possa existir. Ele é maior que todos. Ora, tamanho e poder assim reunidos poderiam nos aterrorizar. Tiranos aumentam o seu tamanho com suas redes de informações secretas, polícia e apelos à delação. E se tornam assim maiores, poderosos, perigosos e temidos. Deus não precisaria de nada disso porque é onipresente e onisciente. Desse ponto de vista, Ele deve ser muito mais temido que todo e qualquer tirano. Entretanto, Jesus não quer apresentar a Deus como um bicho-papão. Ele o apresenta como o guardião do amor, que faz o seu trabalho com todo o poder que existe no universo porque, além de dar as ovelhas a Jesus, ninguém pode retirá-las da mão dele simplesmente pelo fato de não existir poder ou tamanho no universo capaz de rivalizar com o dele. Tudo o que existe ou que nós imaginamos possa existir encontra nele uma barreira e uma linha de frente em posição de ataque. Sendo assim, podemos colocar toda a nossa fé e esperança em Deus Pai e em Deus Filho. E essa fé nossa, às vezes tão cambiante e fraca – o vínculo do nosso elo com Deus -, é Ele que vai sustentar, porque das mãos de nosso Deus ninguém arranca uma única ovelha. – Senhor Jesus, surpreende-nos o contraste das tuas afirmações em relação à grandeza do Pai e à tua pequenez em tua passagem na terra. Às vezes, temos de confessar, vacila a nossa fé. Mas aí nos lembramos de que a fé é um diamante bruto que precisa de muita lapidação. Amém (Martinho Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite