(At 11,19-26; Sl 86[87]; Jo 10,22-30)
4ª Semana do Tempo Pascal.
“Meu Pai, que me deu
essas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebata-las da mão do
Pai” Jo 10,29.
“Tamanho pode não ser
documento, mas ajuda, e muito. E quando se fala sobre Deus e seu tamanho,
alguém poderia contrapor-lhe a ideia de ser maior que Ele ou a de lhe ser mais
poderoso? Diria alguém a Ele: Tamanho não é documento? Pois bem, Jesus afirmou:
‘Meu Pai, que me deu as ovelhas, é maior que todos’. E nessa questão de
tamanho, Jesus enfatiza o poder e a segurança, pois de nada adiantaria ter o
nosso Deus o tamanho que lhe atribuímos se não tivesse também o poder
correspondente. Aqui, tamanho é documento, e esse mais limpo, legal e mais
autorizado que possa existir. Ele é maior que todos. Ora, tamanho e poder assim
reunidos poderiam nos aterrorizar. Tiranos aumentam o seu tamanho com suas
redes de informações secretas, polícia e apelos à delação. E se tornam assim
maiores, poderosos, perigosos e temidos. Deus não precisaria de nada disso
porque é onipresente e onisciente. Desse ponto de vista, Ele deve ser muito
mais temido que todo e qualquer tirano. Entretanto, Jesus não quer apresentar a
Deus como um bicho-papão. Ele o apresenta como o guardião do amor, que faz o
seu trabalho com todo o poder que existe no universo porque, além de dar as
ovelhas a Jesus, ninguém pode retirá-las da mão dele simplesmente pelo fato de
não existir poder ou tamanho no universo capaz de rivalizar com o dele. Tudo o
que existe ou que nós imaginamos possa existir encontra nele uma barreira e uma
linha de frente em posição de ataque. Sendo assim, podemos colocar toda a nossa
fé e esperança em Deus Pai e em Deus Filho. E essa fé nossa, às vezes tão
cambiante e fraca – o vínculo do nosso elo com Deus -, é Ele que vai sustentar,
porque das mãos de nosso Deus ninguém arranca uma única ovelha. – Senhor
Jesus, surpreende-nos o contraste das tuas afirmações em relação à grandeza do
Pai e à tua pequenez em tua passagem na terra. Às vezes, temos de confessar,
vacila a nossa fé. Mas aí nos lembramos de que a fé é um diamante bruto que
precisa de muita lapidação. Amém” (Martinho Lutero Hoffmann –
Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite