(1Cor 15,1-8; Sl 18[19]; Jo 14,6-14)
3ª Semana da Páscoa.
“Disse Filipe:
‘Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!’” Jo 14,8.
“Palavras de
renúncia, de abandono! Palavras de uma fé inabalável! Mas não tanto. Jesus as
reduz a uma fé de segundo, incompleta. Afinal, os discípulos não tinham visto
os sinais, não tinham ouvido as palavras do próprio Mestre e, há pouco, Jesus
não lhes tinha dito as famosas palavras: ‘Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida;
ninguém vem ao Pai senão por mim’? (Jo 14,6). Tinham. Mas não entenderam.
Lamentavelmente não entenderam. Ficaram como que num tipo de vazio existencial
esperando uma grande revelação quando, na verdade, a revelação já lhes havia
sido concedida. Queriam ver o Pai, mas o Pai estava em frente a eles por dias,
semanas e meses, talvez anos. E eles não o viam. Quanta cegueira, não é
verdade? Mas não é essa cegueira que também se abate sobre nós quando queremos
o Pai a qualquer custo, clamamos por Ele e não ouvimos a Palavra do Filho? Ora,
a Palavra do Filho nos vem pela Igreja, pela Bíblia, pelos meios de comunicação
e por muitos outros, e nós, surdos, queremos o Pai, almejando mostrar uma fé
que vai às ultimas instâncias por desejarmos o Pai, aquele que tem a palavra
definitiva. Mas a fé não é uma broca que basta para ser acionada para cavar seu
próprio caminho. A fé é um clarão da Palavra que acende o coração humano. Por
isso, ouvir e entender a Palavra de Cristo é algo tão essencial. Pois é com sua
Palavra que achamos o próprio Cristo e achamos o Pai porque a sua Palavra é
esse clarão e, após o clarão, ela se torna a broca a penetrar no coração de
Deus, achando ali o amor eterno, o amor que leva Deus a amar o mundo e a lhe
enviar o Cristo que dá a vida pelo mundo. – Senhor Jesus, Tu nos
mostras o Pai com palavras e obras feitas aqui na terra, principalmente a
realizada na cruz ao te sacrificarem pelo pecado da humanidade. Especialmente
aí te assumiste como o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Pois aí,
através da lente do teu sangue, podemos reconhecer que Deus é amor e que Tu e o
Pai são um. Amém” (Martinho Lutero Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2017]
– Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite