6º Domingo da Páscoa – Ano C

(At 15,1-2.22-29; Sl 66[67]; Ap 21,10-14.22-23; Jo 14,23-29).

1. A liturgia da Palavra desse domingo enlaça várias reflexões. Primeiramente assistimos essa discussão dos Apóstolos em Jerusalém a respeito do rito da circuncisão vivido pelos Judeus na observância da Lei Mosaica. Mas estão chegando novos cristãos, vindos não mais do judaísmo. Estariam eles obrigados a observar tais normas?

2. Os conflitos dentro da Igreja são de origem apostólica. Sempre houve pessoas fechadas e abertas; cristãos tradicionalistas e cristãos progressistas, abertos. Cada um traz a sua contribuição para o conjunto da fé. O importante é a comunhão e não o confronto destruidor.

3. O Tempo da Páscoa é o tempo de conversão para o novo. Para desfrutar as aparições do Ressuscitado, para pressentir e experimentar o aroma da nova Jerusalém, é necessário ter a mente aberta e deixar que o coração se enamore do que nos chega.

4. A 2ª leitura nos lembra que a realização de nossos sonhos pessoais, comunitários, políticos, não pode vir daqui debaixo. A experiência da vida contradiz frequentemente aquilo que nossos anseios pretendem.

5. Quantas esperanças depositamos na mudança política, na chegada de um novo governo, em alguns dos nossos melhores amigos, na sorte que parecia acariciar-nos... E depois, chegou-nos de novo a decepção, o desengano. Existem razões para a esperança?

6. O autor do Apocalipse nos diz do seu jeito que ‘o auxílio nos vem do Senhor’, por isso ergue os olhos para o alto. E lá no alto descobre como desce uma ‘nova Jerusalém’. Ela é uma síntese do Antigo e do Novo. Esse é o futuro da nossa fé. Cremos verdadeiramente nisso? Sim, porque tem de descer do céu! A promessa há de se cumprir.

7. Jesus nos diz que vai, mas que voltará. Também nos comunica que o Pai virá com ele para estabelecer sua morada em quem o ame. Também ratifica que o Pai nos enviará o Espírito Santo, o defensor. É possível que todo o mistério de Deus queira derramar-se sobre a nossa vida?

8. Essa é a mensagem que as Palavras de Jesus ressuscitado nos transmitem nestes dias, de mil maneiras: a Trindade Santíssima nos quer como morada. Não só cada um de nós individualmente, mas a nós todos como comunidade. Se nos conscientizássemos verdadeiramente do mistério que nos envolve, saberíamos que Deus habita em nós.

9. O caminho para uma vivência assim no-lo diz Jesus: ‘Aquele que me ama’. Amar a Jesus! Não é uma questão de esforço, mas sim de atenção. Ama-se a ele à medida que a relação com ele se torna mais estreita, mais íntima. Contemplando-o o amor cresce e se acende.

10. Deus habita em nossa pobreza e nos pede unicamente aquilo que podemos dar, e sem medida: amor, sempre amor. O amor é também o outro nome do Espírito Santo que nos promete. Que venha sempre em abundância e nos renove em nossas relações e modo de ver a vida.

 Pe. João Bosco Vieira Leite