(2Cor 1,18-22; Sl 118[119]; Mt 5,13-16)
10ª Semana do Tempo Comum.
“Assim também brilhe
a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras
e louvem o vosso Pai
que está nos céus” Mt 5,16.
“Esta frase de Jesus
no Sermão da Montanha pressupõe as bem-aventuranças, o decálogo da felicidade,
ou seja, da santidade perfeita. A prática das bem-aventuranças é o caminho
luminoso da santidade. Sua vivência é sinônimo de Reino dos Céus experimentado
aqui na terra. A figura da luz se prende, na Sagrada Escritura, à santidade.
Ela chegou a ser chamada de ‘vestimenta de Deus’ (Sl 104,2), porque não se
encontrou figura mais expressiva para descrever a santidade divina. Até hoje
cercamos as estátuas de luz e colocamos sobre sua cabeça uma auréola de luz. A
frase de Jesus poderia ser dita, então, assim: ‘Brilhe vossa santidade diante
dos homens’. O pronome ‘vossa’ é relativo, porque, na verdade, a santidade que
está ou pode estar em nós é a santidade de Deus. Somos como a lua: não temos
luz própria. Como a luz da lua é do sol, nossa luz é de Deus, é a santidade de
Deus, que o Cristo nos trouxe e deu. A obra que a luz deve iluminar não são
nossas esmolas, mas a maravilhosa obra de Deus, a salvação, pela qual devemos
glorificar o Pai do Céu. Somos criaturas de Deus. Somos graça de Deus. Somos
luz de Deus. Quem nos vê, vê o Deus criador. Quem convive conosco sente (ou deveria
sentir) que Deus está presente e age em nós. Quem se aproxima de nós, ou
melhor, da santidade que Deus é em nós, porque somos morada de Deus (1Cor
3,16-17). De nós se poderia dizer: ‘O sol já não será tua luz... porque o
Senhor será tua luz permanente’ (Is 60,19), ou seja, o Senhor será a nossa
santidade. – Senhor, se é verdade, como creio, que estás em mim com tua
santidade, tira-me a liberdade de apegar-te ou de abafar tua luz! Quisera estar
tão envolvido por ti, que pudesse dizer como Jesus a Filipe: ‘Quem me vê, vê o
Pai’! (Jo 14,9)” (Clarêncio Neotti – Graças a Deus [1995] –
Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite