(2Cor 3,4-11; Sl 98[99]; 5,17-19)
10ª Semana do Tempo Comum.
“Portanto, quem
desobedecer a um só desses mandamentos, por menor que seja,
e ensinar os outros a
fazerem o mesmo será considerado o menor no Reino dos céus.
Porém quem os
praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos céus” Mt 5,19.
“Não creio que nesse
verso Jesus condicione sermos menos ou mais na eternidade conforme tivermos
sido menos ou mais obedientes na terra. Na eternidade não há dimensões. O
versículo se refere à vida presente. O Reino dos Céus (ou Reino de Deus, como
dizem os outros evangelistas) é um modo de viver a vida presente. Um modo que
pressupõe a presença de Deus e a prática dos ensinamentos do Evangelho. Um modo
que se identifica com o modo de viver de Jesus de Nazaré. Um modo que se
plenifica na morte e na ressurreição de cada um, como se plenificou em Jesus de
Nazaré na sua ascensão e glorificação. Lembra o Papa Paulo VI na Evangelli
Nuntiandi que o Reino de Deus é a parte central do ensinamento de Jesus
e ‘sua realização deve ser perseguida pacientemente ao longo da história para
vir a ser plenamente realizado no dia da última vinda de Cristo’ (n. 8 e 9).
Nesse novo modo de viver, nessa nova valorização das coisas transitórias e
eternas, há novo conceito de grande e pequeno, importante e secundário. Quanto
menos se ama, menos se é. Quanto mais se ama, maior se é, até alcançar ‘a idade
madura da plenitude de Cristo’ (Ef 4,13). Nesse pormenor não há como recordar a
pecadora que, apesar de pecadora, amara mais que um fariseu piedoso (Lc
7,36-47) ou a prostituta que precederá os sumos-sacerdotes no Reino de Deus (Mt
21,31). Sempre de novo Jesus fala na prática. Não basta ouvir, é preciso pôr em
prática (Lc 8,21). Não basta dizer sim, é preciso ir à vinha trabalhar (Mt
21,30). Não basta dizer ‘Senhor, tu és o meu Senhor!’ (Mt 7,21), é preciso
fazer a vontade do Pai, isto é, viver aqui e agora como filhos de Deus. –
‘Concede, meu Deus, que eu te conheça muito, para poder agir sempre segundo os
teus ensinamentos e de acordo com tua santíssima vontade!’ (São
Francisco de Assis)” (Clarêncio Neotti – Graças a Deus [1995]
– Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite