13º Domingo Comum – Ano B

(Sb 1,13-15; 2,23-24; Sl 29[30]; 2Cor 8,7.9.13-15; Mt 5,21-43).

1. Neste evangelho que acompanhamos, temos mais dois milagres realizado por Jesus. Um está inserido no outro, pois têm muito em comum. Em ambos realiza-se a salvação da pessoa, algo mais profundo e transcendental que o resultado físico. Mesmo que a vida e a saúde tenham sua importância.

2. As duas mulheres têm em comum a cifra de doze anos de idade e de doze anos também de enfermidade. Uma fé humilde, seja do pai da menina ou da mulher que toca o manto de Jesus. Os dois casos servem a um aperfeiçoamento da fé dos discípulos de Jesus. Insistindo na fé, evita-se mal-entendidos de magia por parte de Jesus.

3. Assim como aconteceu com Lázaro e o filho da viúva de Nain, a reanimação da filha de Jairo tem uma condição de sinal, pois manifesta o poder de Cristo sobre a morte e revela a chegada do Reino de Deus presente em Jesus. Ao mesmo tempo aponta para a Ressurreição de Cristo e a nossa com Ele.

4. Em nossa existência se expressa um grande amor que nos precede: o de nossos pais e de Deus. Essa presença amorosa se estende nas várias relações que estabelecemos. Mas a vida é uma moeda de duas caras. Com frequência aparece também a dor e o sofrimento. Há muita negação da vida em nosso mundo.

5. Para aquele, porém, que segue a Cristo, o sofrimento e a enfermidade, a vida e a morte, têm sentido novo: é a gênese dolorosa, mas fecunda, do novo céu e da nova terra na qual habita a justiça. 

6. O fenômeno da morte é um fato de todos os dias, como o da vida. Um mistério que nos envolve e nos faz sofrer. A 1ª leitura tenta dar uma resposta e encaminha nossa reflexão. Paulo, fazendo referência ao Gênesis, nos diz que a morte entra em nossa história por causa do pecado e da desobediência. E aqui nos perderíamos numa série de argumentos bíblicos para entendermos seu pensamento.

7. A fé quer nos lembrar que essa mesma morte que entrou na nossa história por causa do pecado, será vencida quando o onipotente e misericordioso Salvador recolocar o ser humano na salvação perdida pelo pecado. Em Jesus Deus nos atrai a uma comunhão sempre maior.

8. Como na vida de Jesus, na de cada um de nós é o amor quem dá fecundidade à dor, engendrando vida através precisamente da morte. Condição indispensável de vida é morrer previamente em atos de amor. Pois sem se dar, sem viver com os outros, sem se esquecer de si mesmo, é impossível a fecundidade pessoal e cristã.

9. Cristo nos veio dizer que a vida não termina, ela se transforma, num processo de três etapas consecutivas: vida, morte e vida nova por meio precisamente da morte. Para o cristão, como para Cristo, a morte é uma autêntica metamorfose. Ressurreição é algo diferente de simplesmente prolongar a vida.

10. Paulo nos deixa um último recado: a vida se plenifica na partilha do que somos e temos. Porque tudo isso e muito mais ainda, constitui a vida e toda sua plenitude. Compartilhar a vida é a vitória do amor sobre o egoísmo, da vida sobre a morte, cujo nefasto cortejo compõem a necessidade e a fome, a doença e a incultura. 

 Pe. João Bosco Vieira Leite