Sexta, 25 de junho de 2021

(Gn 17,1.9-10.15-22; Sl 127[128]; Mt 8,1-4) 

12ª Semana do Tempo Comum.

“Então Jesus lhe disse: ‘Olha, não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote

e faze a oferta que Moisés ordenou, para servir de testemunho para eles’” Mt 8,4.

“A lei determinava que apenas o sacerdote tinha o direto de declarar quando alguém estava condenado, pela lepra, a viver separado dos demais. Também ele é que autorizava o retorno à convivência, nos raríssimos casos de cura. O intrigante é que o Mestre, ao realizar o milagre, pede segredo. Não veio ele para comunicar a todos a verdade do Reino? Devia dizer ‘olhe, vai dizer a todos que fui eu quem te curou... foi a graça de Deus... ‘ Nada. Ele pede silêncio. Ao recomendar segredo ao leproso curado, Jesus mostra uma sensibilidade muito humana em ao menos dois aspectos: Ele não quer publicidade para si mesmo. Não quer ser um milagreiro, sair carregado nos braços do povo. Quando isso acontece ele se retira para um lugar deserto. Os sinais que realiza têm outro propósito que é apontar para a realidade do Reino. O outro aspecto: a lepra do evangelho significa a doença vergonhosa, a incapacidade total de superação e reerguimento. A lepra representa o pecado que nos oprime a consciência, derrota os nossos propósitos, impede o convívio, nos amarra na solidão. Temos tantas vezes consciência clara de nossa enfermidade interior e achamos nem mais merecer o perdão. Como seria bom se, nessa hora, aquele que nos perdoa a dívida nos desse apenas um abraço e dissesse: ‘Olha, não digas nada a ninguém...” – ‘Pai, pequei contra o céu e contra ti! ’ dizia o filho pródigo ao voltar. Não quisestes nem escutar as suas desculpas, pois conheces a sinceridade do coração. Com um abraço acolhei-nos também a nós e dai-nos de novo a dignidade de filhos e herdeiros do vosso Reino. Amém (João Bosco Barbosa – Graças a Deus [1995] – Vozes). 

 Pe. João Bosco Vieira Leite