Quinta, 17 de junho de 2021

(2Cor 11,1-11; Sl 110[111]; Mt 6,7-15) 

11ª Semana do Tempo Comum.

“Vós deveis rezar assim: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome” Mt 6,9.

“O Pai Nosso começa com a invocação confiante: ‘Pai’. A palavra grega ‘pater’ deve ser a tradução da palavra ‘abba’, que significa ‘querido pai’, com que Jesus costumava dirigir-se a Deus. Tanto os gregos quanto os judeus podiam chamar a Deus de pai. Mas os discípulos devem ter sentido o carinho todo especial com que Jesus se dirigia a seu Pai. Nós, os seres humanos, podemos aproximar-nos desse Pai amoroso e misericordioso como filhos e filhas e podemos pedir-lhe com toda a confiança aquilo que é o objeto de nossa mais profunda nostalgia. O primeiro pedido diz: ‘Santificado seja o teu nome’. O nome de Deus abarca o seu ser e a sua santidade. Ele é profanado quando os homens desacatam Deus e os seus mandamentos. Na súplica: ‘Santificado seja o teu nome’, pedimos a Deus que ele próprio intervenha nesse mundo esquecido de Deus, manifestando nele a sua santidade e a sua glória. A glória de Deus manifesta-se no ser humano quando este desenvolve dentro de si a imagem de Deus. Irineu já expunha a visão: ‘Gloria Dei – homo vivens: a glória de Deus é o homem vivo’. Ulrich Luz interpreta a súplica como um apelo que os orantes dirigem a si próprios: ‘Vamos santificar o nome de Deus’ (Luz, 343). É mais provável que a oração inclua os dois aspectos: que Deus mesmo santifique o seu nome, mas que o orante que dirige esse pedido a Deus faça também a sua parte, para que o nome de Deus seja santificado também por ele próprio e por seu modo de vida. A súplica corresponde às oito bem-aventuranças. Estas descrevem o novo ser humano que assume a imagem de Jesus Cristo. Nelas, Jesus descreve as atitudes que o homem é capaz de adotar quando põe a sua confiança em Deus e o torna objeto de sua nostalgia. São atitudes éticas, por isso o ser humano precisa fazer um esforço para realiza-las. As bem-aventuranças mostram que vale a pena adotar essas oito atitudes e comportamentos, porque fazem o homem um ser feliz no presente. Jesus não promete a felicidade simplesmente aos pobres, mas sim àqueles que estão dispostos a largar tudo e a não ficar presos a nada. Ele não diz simplesmente que os famintos são felizes, e sim aqueles que têm sede de justiça. Se o discípulo de Jesus se esforçar para encarnar essas atitudes, então Deus será glorificado nelas. E, ao mesmo tempo, o cristão será feliz, bem-aventurado. A palavra grega ‘makarios’ era reservada, originalmente, aos deuses. Mas agora, com essas oito atitudes, o homem passa a ter parte na glória e na felicidade de Deus. Assim é o santificado o nome de Deus: ele se torna visível no ser humano que sabe viver de uma nova maneira” (Anselm Grün – Jesus, Mestre da Salvação – Loyola).

 Pe. João Bosco Vieira Leite