(2Cor 11,1-11; Sl 110[111]; Mt 6,7-15)
11ª Semana do Tempo Comum.
“Vós deveis rezar
assim: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome” Mt 6,9.
“O Pai Nosso começa
com a invocação confiante: ‘Pai’. A palavra grega ‘pater’ deve ser a tradução
da palavra ‘abba’, que significa ‘querido pai’, com que Jesus costumava
dirigir-se a Deus. Tanto os gregos quanto os judeus podiam chamar a Deus de
pai. Mas os discípulos devem ter sentido o carinho todo especial com que Jesus
se dirigia a seu Pai. Nós, os seres humanos, podemos aproximar-nos desse Pai
amoroso e misericordioso como filhos e filhas e podemos pedir-lhe com toda a
confiança aquilo que é o objeto de nossa mais profunda nostalgia. O primeiro
pedido diz: ‘Santificado seja o teu nome’. O nome de Deus abarca o seu ser e a
sua santidade. Ele é profanado quando os homens desacatam Deus e os seus
mandamentos. Na súplica: ‘Santificado seja o teu nome’, pedimos a Deus que ele
próprio intervenha nesse mundo esquecido de Deus, manifestando nele a sua
santidade e a sua glória. A glória de Deus manifesta-se no ser humano quando
este desenvolve dentro de si a imagem de Deus. Irineu já expunha a visão: ‘Gloria
Dei – homo vivens: a glória de Deus é o homem vivo’. Ulrich Luz interpreta a
súplica como um apelo que os orantes dirigem a si próprios: ‘Vamos santificar o
nome de Deus’ (Luz, 343). É mais provável que a oração inclua os dois aspectos:
que Deus mesmo santifique o seu nome, mas que o orante que dirige esse pedido a
Deus faça também a sua parte, para que o nome de Deus seja santificado também
por ele próprio e por seu modo de vida. A súplica corresponde às oito
bem-aventuranças. Estas descrevem o novo ser humano que assume a imagem de
Jesus Cristo. Nelas, Jesus descreve as atitudes que o homem é capaz de adotar
quando põe a sua confiança em Deus e o torna objeto de sua nostalgia. São
atitudes éticas, por isso o ser humano precisa fazer um esforço para realiza-las.
As bem-aventuranças mostram que vale a pena adotar essas oito atitudes e
comportamentos, porque fazem o homem um ser feliz no presente. Jesus não
promete a felicidade simplesmente aos pobres, mas sim àqueles que estão
dispostos a largar tudo e a não ficar presos a nada. Ele não diz simplesmente
que os famintos são felizes, e sim aqueles que têm sede de justiça. Se o
discípulo de Jesus se esforçar para encarnar essas atitudes, então Deus será
glorificado nelas. E, ao mesmo tempo, o cristão será feliz, bem-aventurado. A
palavra grega ‘makarios’ era reservada, originalmente, aos
deuses. Mas agora, com essas oito atitudes, o homem passa a ter parte na glória
e na felicidade de Deus. Assim é o santificado o nome de Deus: ele se torna
visível no ser humano que sabe viver de uma nova maneira” (Anselm Grün
– Jesus, Mestre da Salvação – Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite