(Dn 3,25.34-43; Sl 24[25]; Mt 18,21-35)
3ª Semana da Quaresma.
“Pedro aproximou-se
de Jesus e perguntou: ‘Senhor, quantas vezes devo perdoar se meu irmão pecar
contra mim? Até sete vezes? ”
“O perdão, dom divino
que Jesus mais uma vez ofereceu e convidou seus discípulos a oferecerem se
fossem ofendidos, é sempre uma outra oportunidade que se dá à pessoa de
recomeçar uma vida nova. Na comunidade de Mateus, certamente, já estavam
aparecendo os conflitos, as disputas e discórdias, as discussões acaloradas e,
quem sabe, até terminassem em rompimento. Diante da constatação de que a
caridade corria o risco de apagar-se (cf. Mt 24,12), de que a unidade poderia
ser rompida e que a comunidade poderia afastar-se do projeto e do desejo de
Jesus, Mateus recolhe esta parábola para dizer que, assim como Deus perdoa,
devemos perdoar infinitamente. Setenta vezes sete é a medida do perdão que
Jesus oferece e, ao mesmo tempo, nos convida a oferecer. Só perdoando poderemos
resgatar as pessoas, oferecendo-lhes a possibilidade de se recriarem, de
começar uma vida nova, de dizer novamente sim à vida de comunhão, de caridade,
de compaixão, em vista do Reino de justiça, paz e misericórdia. Não é fácil
perdoar quando se é ofendido, ultrajado, humilhado, violentado... Mas o perdão
é a única forma de impedir que o mal se alastre, de fazer com que o mal seja
superado com a força do bem. Às vezes, uma só pessoa é ofendida, mas pode ser
que aconteça que toda uma comunidade se sinta o alvo de agressões e
infidelidades, de violência e injustiça, então, sim, o esforço de perdoar é de
todos e de todas, para que se restaure a paz e a harmonia. Nada dói tanto ao
coração de nosso Deus como o fechamento ao perdão e a recusa a ser perdoado...
Igualmente dói ao coração de um irmão, ou de uma irmã, a recusa em aceitar um
pedido de perdão. Aprendamos de nosso Deus a perdoar sempre, sem pedir
explicações, sem alimentar vinganças. – Perdoai-nos, ó Pai, as nossas
ofensas, como nós perdoamos a quem nos ofendeu! ” (Magda Brasileiro
– Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite