(Os
6,1-6; Sl 50[51]; Lc 18,9-14)
3ª Semana da Quaresma.
“O cobrador de impostos, porém,
ficou a distância e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu;
mas batia no peito dizendo: ‘Meu
Deus, tem piedade de mim, que sou pecador! ’” Lc 18,13.
“Esta parábola pronunciada por
Jesus tem uma força extraordinária. Na realidade, Jesus desconcerta e
decepciona em cheio aqueles que o ouvem, pois esperavam que Jesus os louvasse
por se acreditarem justos e sem pecados, pondo-se a julgar os outros. Mais que
dois personagens, a parábola nos apresenta dois tipos de pessoas que fazem uma
coisa necessária e boa, que é a oração. O que as torna diferentes é que o modo
de orar retrata o seu modo de ser e de viver: um é fariseu, o outro um
publicano. O fariseu ora de pé, de cabeça erguida, ocupa os primeiros bancos da
igreja, louva-se a si mesmo por ser bom, por praticar a lei com todas as suas
exigências, que condena os afastados, os omissos, taxando-os de pecadores. O
outro, pobre publicano, pecador reconhecido na aldeia por sua corrupção,
sentenciado pela Lei a ser eternamente condenado, que reconhece profundamente
seu pecado e crendo-se incapaz de mudar de vida, humildemente confia, apenas
confia e se entrega à misericórdia e à bondade de Deus. Ele sabe e confia que a
sua fragilidade é abraçada amorosamente por Deus, que o olha com amor em sua
pequenez. Jesus sabiamente apresenta o juízo de Deus sobre estes dois
personagens. O legalismo e a obediência cega às rubricas e às normas não podem
salvar a ninguém. Pelo contrário, podem trazer a falsa ilusão de uma vida
correta, sem transgressões, mas profundamente narcisista, voltada para si
mesmo, sem as verdadeiras atitudes de compaixão e caridade que marcam o caminho
de Jesus. O publicano só tem consciência de sua fragilidade, de seu pecado, de
seu afastamento das leis. Mas traz dentro de si uma certeza sólida: Deus é
cheio de misericórdia e compaixão e a Ele se lhe entrega inteiramente. – Ó
Senhor, tem piedade de nós! Somos todos pecadores e pecadoras, converte-nos
para ti e seremos salvos” (Magda Brasileiro – Meditações para o
dia a dia [2015] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite