Quarta, 04 de março de 2020


(Jn 3,1-10; Sl 50[51]; Lc 11,29-32) 
1ª Semana da Quaresma.

“Com efeito, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do homem para esta geração” Lc 11,30.

“Jonas foi um ‘sinal’ para os habitantes de Nínive com sua pregação, ou seja, com o anúncio do juízo e o apelo à conversão. Como Jonas para os ninivitas, assim também Jesus será ‘sinal’. Quando tudo parece ter acabado para Jonas, ele é salvo por um ‘grande peixe’, um monstro, que habitualmente simboliza a morte. Não sabemos nada sobre a natureza desse peixe. Torna-se como que uma parábola: Deus pode usar até forças contrárias a fim de salvar. Este monstro torna-se um animal doméstico no jardim de Deus! O que é que Jonas sofre nas entranhas do peixe? Passa por uma experiência de morte. Quando Lucas escreve, Jesus está ressuscitado. Por isso, para a comunidade, o sinal por excelência é a própria ressurreição de Jesus. A fé não se baseia nos milagres, nos sinais, mas na confiança concedida à pessoa de Jesus. O próprio milagre não seria percebido sem uma fé inicial, que ele pode confirmar ou reforçar. Por isso, diz Jesus: ‘Nenhum sinal será dado’. A não ser um: o de Jonas. Precisamente neste ‘sinal de Jonas’ culminam todos os milagres do evangelho, apelo à conversão e à abertura à salvação de Deus, sinais de sua presença efetiva no combate ao pecado e à morte. Como consequência prática, o verdadeiro crente, embora não desconheça a função do milagre, não pede outros sinais exteriores, porque descobre na própria pessoa de Cristo, homem-Deus, a presença discreta e a intervenção de Deus. Jonas é sinal de fé e de conversão interior. Assim como ele, devemos ser este ‘sinal’. – Senhor, quantas vezes buscamos sinais. Quantas vezes, em nossas orações, queremos para nós uma revelação, uma certeza, uma prova de sua existência. Queremos o chão seguro antes de dar o primeiro passo. Ajuda-nos, Senhor, a perceber que com a fé é assim: primeiro você coloca o pé; depois Deus coloca o chão. Amém (Adriano Freixo Pinto – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite